Duas décadas depois do seu reaparecimento, cientistas conseguiram que a população de tartarugas da espécie Batagur trivittata chegasse a cerca de mil espécimes.
De acordo com o jornal New York Times, a Batagur trivittata, espécie de tartaruga endémica do Myanmar, julgava-se extinta há muito tempo, até que, no início dos anos 2000, foi encontrado um espécime na posse de um colecionador norte-americano, que o tinha comprado num mercado em Hong Kong.
Encorajado por esta notícia, Gerald Kuchling, agora biólogo da Universidade da Austrália Ocidental, conseguiu uma autorização, na altura, para fazer uma expedição conjunta com o Departamento Florestal do Myanmar na parte superior do rio Chindwin, onde uma expedição norte-americana, nos anos 30, tinha encontrado estas tartarugas.
Porém, quando chegou a território birmanês, o país estava a ser atingido pelas habituais monções, tendo ficado preso em Mandalay. Foi então que, acidentalmente, numa visita a um templo budista, o investigador encontrou três espécimes desta tartaruga, conhecida por estar sempre com um ‘sorriso na cara’.
Juntamente com os seus colegas birmaneses, Kuchling conseguiu transferir estas tartarugas, um macho e duas fêmeas, para o jardim zoológico da cidade. Posteriormente, o biólogo encontrou outros espécimes no rio Dokhtawady, que também foram transferidos para o mesmo zoo.
Quando Kuchling chegou, finalmente, ao rio Chindwin, os pescadores do grupo étnico Shan também confirmaram que algumas fêmeas desta espécie ainda ali faziam ninhos durante a estação seca.
Neste caso, em vez de as capturar, o biólogo trabalhou com o Departamento Florestal e a Sociedade de Conservação da Vida Selvagem para criar um programa de conservação que, anualmente, contratava locais para cercarem a praia, observarem as fêmeas a fazer os ninhos e escavarem cuidadosamente o ovos. Mais tarde, a organização Turtle Survival Alliance também se juntou a esta parceria.
20 anos depois do início desta jornada, já existem cerca de mil tartarugas – algumas provenientes dos ovos postos no seu habitat natural e outras criadas em cativeiro – a viver em três locais no Myanmar.
Embora a espécie já não esteja em total perigo de extinção, os especialistas alertam que as práticas de pesca intensiva continuam a ser um problema para a recuperação destas tartarugas na natureza.