Douglas Bader viu as suas pernas amputadas no final de 1931, após um acidente de aviação. O episódio, que podia ter transformado a sua vida num pesadelo, acabou por fazer do piloto um herói nacional. O amante de aviões acabou por ser reintegrado na RAF, e para surpresa de todos, as suas novas pernas acabaram por salvá-lo.
O acidente que vitimou Douglas Bader, piloto da Royal Air Force, deu-se enquanto realizava acrobacias no ar. De acordo com o site do museu da RAF, devido aos ferimentos, a sua perna direita foi amputada imediatamente, e a perna esquerda alguns dias depois.
Embora Bader quase tenha morrido dias após o acidente, a resiliência e a perseverança do jovem piloto impediram-no de ceder fatalmente.
A solução encontrada para Bader, passou por colocar próteses feitas em metal. A biografia de Bader – “Reach for the Sky” – retrata a sua teimosia em adaptar-se aos seus novos membros, mesmo com a dor que estes lhe causavam.
Seis meses após o acidente, Bader sentia-se apto a conduzir e até já tentava dançar.
Mas mais importante do que isso: mostrou-se capaz de voltar a pilotar um avião. Apesar de não ter sido reintegrado de imediato na RAF, o piloto conseguiu um emprego na Asiatic Petroleum Company.
Um desejo de guerra
Em 1939, Bader fez uma petição para voltar à RAF e à cabine de um avião de combate. Jill Lewis, cunhada de Bader, conta que o piloto estava ansioso por participar nos combates. “Eles vão precisar de mim agora”, conta Lewis aos jornalistas a reação de Bader, citada no documentário “Secret Mora: Douglas Bader”, de 1996.
Bader estava mais do que certo. A 3 de setembro de 1939, a Inglaterra declarou guerra à Alemanha. Cinco meses mais tarde, Bader estava a pilotar um icónico caça Spitfire, relata o Museu RAF.
Numa carta de 22 de setembro de 1939, o piloto William McKnight conta o sucesso da esquadrilha 242. “Conquistou uma das melhores reputações na Força Aérea”, escreveu o também piloto.
A carta de McKnight foi divulgada no meio da histórica Batalha da Grã-Bretanha, na qual a RAF derrotou a Força Aérea Alemã, e tornou os planos de Adolf Hitler de invadir a Grã-Bretanha, irrealistas. Bader foi considerado um dos heróis da batalha.
Na primavera de 1941, Bader e os aviões de combate estavam prontos para atacar os caças alemães. Mas, a 8 de agosto de 1941, o inesperado aconteceu – o avião do piloto inglês foi atingido em França durante uma missão. Os relatórios originais alegavam que o avião de Bader tinha colidido com um avião alemão acidentalmente, mas as investigações mais recentes dizem este que pode ter sido atingido por fogo inimigo.
O que não está em discussão é que Bader saltou, e as suas pernas artificiais de metal podem ter salvo a sua vida. A perna direita do piloto inglês ficou presa no seu caça Spitfire depois de ter sido atingido. O Museu RAF descreve a reação de Bader. “A minha perna direita já não estava comigo, o cinto de couro que me prendia rebentou com a pressão, e a perna, o Spitfire, e eu acabámos por nos separar”.
Nas mãos do inimigo
A luta de Bader no ar teve assim um fim. Foram os inimigos alemães, que, em terra, ajudaram o piloto a recuperar a perna artificial direita. Segundo o Museu da RAF, depois de a consertarem, devolveram-na a Bader enquanto este recuperava num hospital de prisioneiros de guerra em França.
De acordo com a CNN, Bader tornou-se numa lenda em Inglaterra, e ficou com a fama de ter abatido 22 aviões alemães. Um ano depois do final da II Guerra Mundial, o piloto deixou a RAF, voltando a trabalhar na Asiatic Petroleum Company.
O herói de guerra usou a sua história para ajudar e inspirar outras pessoas, e acabou por trabalhar com instituições de caridade como a Blesma – a associação britânica de veteranos sem membros – da qual se tornou membro e curador.
O ex-primeiro-ministro britânico David Cameron referiu-se a Bader como o herói da sua vida, numa entrevista que deu em 2016 à BBC History Magazine.”Não consigo pensar numa história de vida mais cheia de coragem e firmeza”, afirmou.
Apesar de todos os elogios e críticas, Bader resumiu a sua vida numa carta que foi dirigida a um fotógrafo da National Portrait Gallery da Grã-Bretanha. “Tive sorte na guerra, e fui muito falado por todos. Não porque fui melhor do que os outros, mas porque era o homem com pernas de metal“.
ZAP, só um pequeno comentário à designação do aparelho.
Supermarine é o fabricante do modelo Spitfire, que teve várias variantes, do Seafire e do Spitful.
A designação deveria ser Supermarine Spitfire mas é apenas um pormenor numa história de vida bem interessante.
Obrigado pelo reparo. Optámos por simplesmente omitir o nome do fabricante, deixando apenas “spitfire”, como é tradicionalmente designado o caça.