A nova funcionalidade da Netflix permite alterar a velocidade de reprodução dos seus filmes e séries. Esta é uma novidade bem recebida por espetadores cegos e surdos.
A Netflix tem uma nova funcionalidade que permite que os clientes alterem a velocidade de reprodução dos filmes e séries do serviço de streaming. Enquanto para alguns pode roçar a inutilidade, para os amantes da sétima arte cegos ou surdos é um grande favor.
Ser capaz de reproduzir filmes e séries mais devagar (a metade da velocidade ou na velocidade de 0,75) ou mais rápido (na velocidade de 1,25 ou 1,5) é uma vantagem para os espetadores cegos e surdos.
De acordo com a NPR, para aqueles que são cegos, a vantagem alia-se a uma outra funcionalidade chamada “descrição áudio”, normalmente apenas disponível em inglês.
“Basicamente, quando não há diálogo entre os atores, um narrador surge e descreve o que está a acontecer na cena e o que está acontecer na série, para que se perceba”, diz Everette Bacon, membro do conselho da Federação Nacional dos Cegos dos EUA.
A Netlfix introduziu esta funcionalidade apenas em 2015, estreando-a em “Daredevil”, uma série sobre um super-herói cego. O contexto não poderia ser mais apropriado.
Os cegos, mais do que as outras pessoas, conseguem entender palavras faladas a taxas muito mais rápidas. Como tal, a velocidade normal dos programas da Netflix pode parecer demasiado lenta para os espetadores cegos.
Para os surdos, o cenário é invertido. Idealmente, alguns espetadores surdos preferem ter mais tempo para ler as legendas e compreender melhor o filme ou série. A opção “cria mais acessibilidade, inclusive para surdos e deficientes auditivos”, disse o CEO da Associação Nacional de Surdos, Howard A. Rosenblum, à NPR.
Para já, esta funcionalidade só estará disponível em Android, com a Netflix a testá-la em iOS e na versão de website.
O realizador Judd Apatow é um dos elementos da indústria cinematográfica que se opõe a esta nova funcionalidade, argumentando que pode comprometer a visão da criativa do criador.
“Os distribuidores não podem mudar a forma como o conteúdo é apresentado”, escreveu na rede social Twitter.
Bacon discorda e justifica a sua opinião: “Há tanta informação que eles colocaram no seu conteúdo que a audiodescrição permite-me, como um indivíduo cego, compreender e observar”.
“E ter esse recurso de velocidade, só me permite entender e compreender melhor o que eles estavam a tentar retratar na sua criação. Adoro muito o trabalho de Judd Apatow e acho que se ele me perceber como um indivíduo cego e como eu consumo conteúdo, ele aplaudiria este novo recurso da Netflix”, acrescentou.