Um tribunal japonês reconheceu pela primeira vez as pessoas expostas a “chuva radioativa negra” que caiu em Hiroshima após o ataque dos Estados Unidos (EUA), em 1945, como sobreviventes de bombas atómicas.
Segundo noticiou a Time, na decisão proferida na quarta-feira, o tribunal ordenou que a cidade e a câmara municipal ofereçam aos sobreviventes apoio médico financiado pelo Governo, tal como acontece com outros sobreviventes.
O Tribunal Distrital de Hiroshima afirmou que os 84 queixosos – que se encontravam fora de uma zona previamente identificada pelo Governo – também desenvolveram doenças induzidas por radiação e devem ser certificados como vítimas. Todos têm mais de 70 anos e alguns 90.
A decisão do tribunal surge uma semana antes do 75.º aniversário do bombardeamento dos EUA. O país lançou a primeira bomba atómica em Hiroshima a 06 de agosto de 1945, matando 140 mil pessoas e destruindo grande parte da cidade. Os queixosos encontravam-se na altura em áreas a noroeste da “zona zero”, onde as chuvas radioativas caíram horas depois da explosão.
Os queixosos desenvolveram doenças como cancro e cataratas devido à exposição à chuva negra, que contaminou igualmente a água e as plantações.
O processo agora concluído deu entrada após a cidade e a câmara municipal de Hiroshima terem rejeitado o pedido de expansão da “zona zero” para cobrir as outras áreas atingidas. Contudo, o tribunal considerou válido o argumento dos queixosos, apoiado por registos médicos nos quais constavam os problemas de saúde relacionados à exposição à radiação.
Um dos queixosos, Minoru Honke, exposto à chuva aos quatro anos, disse que mais de doze pessoas morreram durante o julgamento. “Quero dizer a eles que vencemos”, indicou.