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Mexia suspeito de corromper um ministro, um secretário de Estado, um assessor governamental e um diretor-geral

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Miguel A. Lopes / Lusa

O presidente do Conselho de Administração Executivo da EDP, António Mexia

António Mexia e João Manso Neto são suspeitos de terem corrompido, em conjunto, um ministro, um secretário de Estado, um assessor governamental e um diretor-geral. 

De acordo com a edição desta segunda-feira do jornal Público, o presidente executivo da EDP, António Mexia, e o presidente executivo da EDP Renováveis, João Manso Neto, são suspeitos de terem corrompido, em conjunto, um ministro, um secretário de Estado, um assessor governamental e um diretor-geral.

Estas imputações integram o inquérito das rendas da EDP e levaram os procuradores do caso a pedir a suspensão de funções de ambos na elétrica nacional.

Ambos os responsáveis estão ainda indiciados por lesarem os interesses da própria empresa com a adjudicação da construção da barragem do Baixo Sabor, em meados de 2008, ao consórcio composto pelo grupo Lena e pela Odebrecht.

As defesas de Mexia, Manso Neto e João Conceição, antigo assessor do então ministro da Economia Manuel Pinho, que terá sido corrompido pela dupla, têm até esta segunda-feira para contestar os fundamentos e a necessidade da medida de coação que o Ministério Público pede num inquérito que está nas mãos do juiz de instrução Carlos Alexandre.

O diário dá conta de que o magistrado deve decidir, até ao fim da semana, se agrava as medidas de coação a três dos arguidos deste caso.

O ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, é suspeito de ter sido corrompido por esta dupla de executivos. Mexia e Pinho foram executivos no Banco Espírito Santo (BES), liderado por outro arguido deste caso, Ricardo Salgado, também ele, segundo a tese do Ministério Público, corruptor ativo do antigo ministro.

Salgado é suspeito de ter ordenado pagamentos mensais de quase 15 mil euros através da Espírito Santo Enterprises, conhecida como o saco azul do grupo Espírito Santo, que começou a transferir o dinheiro para uma offshore controlada por Pinho. Através de várias offshore, Pinho terá recebido 2,1 milhões de euros, alegadamente para favorecer o universo empresarial Espírito Santo.

A principal contrapartida de Mexia e Manso Neto a Pinho terá sido uma doação de 1,2 milhões de euros de uma empresa da EDP, a Horizon, à Escola de Relações Públicas e Internacionais da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, que permitiu a Pinho ser convidado e pago como professor visitante.

Mexia e Manso Neto são igualmente suspeitos de terem corrompido o então secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, que exerceu funções entre 2012 e 2015, no Governo de Pedro Passos Coelho. Em 2013, contrataram o pai do então secretário de Estado, como consultor externo, para integrar o recém-criado Comité de Acompanhamento das Autarquias.

Trindade não é arguido, mas, segundo o Público, os procuradores referem-se a ele como “suspeito” num dos documentos do processo.

Miguel Barreto, antigo diretor-geral de Geologia e Energia, é arguido por suspeitas de corrupção passiva. Em 2008, fundou, em parceria com o grupo Martifer, uma empresa de certificação energética – a Home Energy – onde ficou com uma quota de 40%. A sociedade acabou por ser vendida em 2010 à EDP por 3,4 milhões de euros.

Entre 2007 e 2009, João Conceição trabalhou como assessor de Manuel Pinho, mas foi pago pela Boston Consulting que trabalhava para a EDP e pelo BCP, um dos acionista da elétrica. Tal permitiu ao assessor manter o salário mensal de 10 mil euros, o ordenado que tinha na Boston Consulting, empresa à qual tinha sido requisitado Miguel Barreto, em maio de 2004, que fora colega de João Conceição na consultora durante três anos.

ZAP //

12 Comments

  1. Mas que novidade, só falta mesmo é provar e não só, acusar sem que esse senhor volte a tentar corromper a acusação e o juiz ou juízes!

  2. Só corrompeu três? Oh diabo parece pouco. Esse senhor há muito que devia ter sido expulso da EDP, quiçá privado da nacionalidade portuguesa. Ele é a cabeça de um lobbie que, passando pela banca e certas empresas, mantêm a electricidade uma das mais caras da Europa para um país dos mais pobres. Tem arrancado e extorquido centenas de milhões de euros em preços elevados e sobrefaturação que depois distribui generosamente pelos compadres e comadres. Não se pense que é Zé dos púcaros que tem mil acções que ganha alguma coisa. Só espero que seja desta que o consigam correr de vez e obrigado a devolver os milhões que tem embolsado e vencimentos e prémios. O povo está a precisar cada vez mais de justiça e há um ponto de ruptura, sem retorno.

  3. Vendidos, mal paridos, sugam o dinheiro de uma nação inteira, em nome da ganância pessoal, por isso se vendem, corrompem e nunca mais podem sair do “grupo”…
    Vivem num outro “planeta” , de tal forma, que nem conseguem perceber os efeitos nefastos que causam!

  4. Pois, julgo que se estamos a aproximar-nos de um dos grandes casos de corrupção (ou pelo menos de um dos seus tentáculos).
    Por razões cuja explicação que não cabem neste espaço, a minha estranheza era muita em não ter visto nada a ser aparentemente investigado ao longo destes anos todos.
    Esperemos que agora se faça finalmente justiça. Da grande, pois a corrupção também é da grande!
    Coragem a todos os que estão do lado certo da justiça! E que este país deixe finalmente de ser o quintal onde meia dúzia de corruptos, asquerosos e sem carácter fazem os seu “negócios”.

  5. Na verdade isto não é nenhuma novidade. Mas também é verdade é que não acontece nada a esta cambada e malfeitores. socrates, amigo de socrates ( empresta 400.000 para férias do amigalhaço), ricardo salgado e tantos outros que já lhe perdi a conta gozam com o ignorante povo que agora até lhe dá a maioria.

    Sempre que posso lembro aos meus filhos. ” fujam deste país”.

  6. São esquemas tão bem estudados que me admira por que é que esta malta não vai dar aulas para o MIT ou trabalhar para a NASA. O Zé paga não há problema.

  7. Já muita gente sabia que o António mexia no que não devia, no entanto, tendo em conta os restantes corruptos, quem diria?
    Tudo boa rapaziada!

  8. Porra…e eu a pensar que a desgraça financeira deste pais tinham sido os ordenados “chorudos” dos professores, enfermeiros e outros funcionários públicos. Merda…e eu que odiava os professores.

  9. O Poder e o dinheiro, nunca se viu tanta corrupção neste país à sombra de uma democracia afável e obediente para toda esta manada de parasitas com liberdade de poder para tudo fazerem. Salazar morreria segunda vez e de ataque cardíaco se visse como isto anda gerido!.

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