O Presidente da Coreia do Sul pediu, esta segunda-feira, aos norte-coreanos que parem de criar animosidades e retornem às negociações, referindo que os rivais não devem reverter os acordos de paz a que chegaram durante as cimeiras de 2018.
“A Coreia do Norte não deve interromper as comunicações e criar tensões para voltar o relógio a um período no passado de confronto”, disse Moon Jae-in durante uma reunião com os principais assessores presidenciais, de acordo com seu gabinete.
“Não devemos adiar as promessas de paz que o Presidente Kim Jong-un e eu fizemos” em duas cimeiras no ano de 2018, declarou ainda.
Os esforços do Presidente sul-coreano para neutralizar as crescentes animosidades ocorrem depois de a Coreia do Norte ter ameaçado destruir um escritório de ligação entre os dois países e tomar medidas militares não especificadas contra a Coreia do Sul.
A eventual demolição do escritório de ligação pode representar um sério revés para os esforços de Moon em restaurar a reconciliação e encontrar uma solução negociada da questão nuclear norte-coreana.
No fim-de-semana, a irmã do líder norte-coreano, Kim Yo Jong, ameaçou avançar com uma ação militar contra a “inimiga” Coreia do Sul, como forma de protesto contra ativistas que enviam folhetos contra o regime de Pyongyang.
Moon, um liberal que esteve com Kim três vezes em 2018, esteve por detrás da diplomacia agora adormecida entre Pyongyang e Washington, incluindo a primeira cimeira entre Kim e o Presidente norte-americano, Donald Trump, em Singapura em 2018.
Durante duas das três cimeiras intercoreanas, Moon e Kim concordaram em realizar a desnuclearização da Península Coreana e tomar outras medidas para aumentar as trocas e diminuir o impasse militar.
Essas reuniões inicialmente ajudaram a melhorar os laços entre as duas Coreias, antes de as relações se tornarem novamente tensas após o colapso de uma segunda cimeira Kim-Trump no Vietname, no início de 2019.
A Coreia do Norte desencadeou recentemente uma série de retóricas severas contra a Coreia do Sul, acusando-a de não impedir os ativistas de lançar panfletos de propaganda através de sua fronteira.
Numa aparente tentativa de acalmar a Coreia do Norte, o Governo de Moon prometeu proibir a campanha civil de folhetos. No entanto, a Coreia do Norte disse que a resposta sul-coreana carece de sinceridade.
Alguns observadores dizem que a Coreia do Norte está extremamente frustrada porque Seul não conseguiu afastar-se de Washington e reavivar projetos económicos paralisados devido às sanções aos norte-coreanos lideradas pelos EUA.
Os especialistas também especulam que a Coreia do Norte inicialmente pensou que Moon ajudaria a obter o necessário alívio das sanções, mas ficaram frustrados depois de Kim voltar para casa de mãos vazias da cimeira de 2019 com Trump.
Moon disse que as duas Coreias devem tomar a iniciativa de encontrar um avanço nas negociações, chamando as duas nações de “mestres do destino da Península Coreana”.
O Presidente sul-coreano disse que o seu Governo continuará a esforçar-se para promover o diálogo com a Coreia do Norte.
Hoje é o 20.º aniversário da primeira cimeira intercoreana entre o falecido pai de Kim, Kim Jong-il, e o então Presidente da Coreia do Sul, Kim Dae-jung, em Pyongyang.
As Coreias continuam divididas ao longo da fronteira mais fortemente fortificada do mundo, uma vez que foram divididas em uma Coreia do Sul apoiada pelos EUA e uma Coreia do Norte controlada pelos soviéticos no final da Segunda Guerra Mundial em 1945.
ZAP // Lusa