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Número de inspetores da Educação pode não ser suficiente para travar inflação de notas

Marcos Santos / USP

O Governo anunciou a intençao de auditar as avaliações dos alunos, mas o sindicato que representa os inspetores ao serviço da Inspecção-Geral de Educação e Ciência (IGEC) diz que a redução do número de efetivos e o envelhecimento da classe põe em causa esta medida.

Para o Sindicato dos Inspectores da Educação e do Ensino (SIEE), a redução do número de efetivos e o envelhecimento da classe podem pôr em causa o anúncio feito pelo ministro da Educação de que serão auditadas as avaliações internas para travar o fenómeno de inflação nas classificações dos estudantes.

Segundo o Público, há, neste momento, 166 profissionais no terreno, quase metade dos que estavam ao serviço em 2000 (320). O Ministério da Educação anunciou que foram, entretanto, contratados 24 novos inspetores, fruto de um recrutamento lançado antes da pandemia.

No entanto, o sindicato considera o número insuficiente, tendo em conta que há mais de 800 agrupamentos de escolas no país, só na rede pública, a que se juntam centenas de colégios privados.

Além disso, a classe está envelhecida: em 2019, 74% dos profissionais da IGEC tinham mais de 55 anos. A percentagem de inspetores com idades entre os 60 e 69 anos ascendia a 37%, facto que reduz ainda mais a capacidade de resposta da Inspecção-Geral, defende o sindicato, citado pelo diário.

A situação foi agravada pela requisição, no início deste mês, de 11 inspetores da educação, que vão passar a estar ao serviço da Autoridade para as Condições de Trabalho durante, pelo menos, dois meses e meio, para reforçar a capacidade de fiscalização das empresas.

O SIEE considera que esta requisição foi de uma “grave irresponsabilidade” e “um manifesto abuso“.

Na semana passada, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, anunciou que deu indicações à Inspecção-Geral de Educação e Ciência para auditar as notas internas dos alunos, de modo a travar a inflação das classificações, especialmente nas disciplinas em que não há, este ano, exames nacionais.

“Seria muito danoso para o sistema se oportunisticamente alguém pudesse tirar partido das circunstâncias [excepcionais que vivemos em tempos de pandemia]”, considerou o governante. Para impedir que tal aconteça, as notas do 1.º e do 2.º períodos serão analisadas para serem comparadas com os resultados finais e haverá auditorias aos critérios de avaliação.

ZAP //

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