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Pandemia tornou a carne num “alimento de ricos” nos Estados Unidos

A pandemia tornou a carne num “alimento de ricos” nos Estados Unidos, avança a agência Bloomberg, que retrata as dificuldades de produtores e consumidores.

Nos Estados Unidos, a pandemia de covid-19 – que soma já mais de um milhão de infeções e mais de 80.000 vítimas mortais – reduziu a capacidade dos produtores de carne do país, transformando a cadeia de suprimentos de alimentos à base de carne.

De acordo com a Bloomberg, há muitas empresas com défice de carne nos Estados Unidos e, em simultâneo, há em abundância uma variedade de carnes “especiais”, mais caras, que costumam ser compradas por pessoas com maior poder de compra.

A produção de variedades consideradas de luxo – como a carne de porco capim e frango do campo, por exemplo – aumentou, enquanto que empresas de grande distribuição Tyson Foods e Cargill estão a produzir até menos 40% de carne bovina e porco convencional.

Esta situação faz com que os norte-americanos com rendimentos mais baixos tenham dificuldade a encontrar carne, havendo vários supermercados com racionamento deste tipo de produtos. Do outro lado, os norte-americanos com mais possibilidades continuam a ter em abundância estes produtos que custam o dobro ou até mais do que os produtos ditos convencionais, escreve ainda a agência noticiosa.

“Definitivamente, há aqui uma oportunidade para os mercados de nicho emergirem como uma componente maior”, explicou Ryan Bernstein, vice-presidente sénior da McGuireWoods Consulting, que também opera uma quinta na Dakota do Norte.

Contudo, para as famílias com menos possibilidades, “há um problema duplo”. Bernstein explicou que estes agregados estão perante um problema de preço e disponibilidade. “E, claro, se tens rendimentos mais baixos, és mais sensível às mudanças de preço”.

O que explica o desequilíbrio?

Este desequilíbrio na produção das variedades de carne pode estar relacionado com o facto de a covid-19 estar a atingir os trabalhadores das fábricas que produzem os produtos convencionais, que são normalmente pessoas com rendimentos mais baixos.

Cerca de 44% destes trabalhadores são hispânicos e um quatro é afro-americano, dois dos grupos demográficos mais vulneráveis à pandemia nos Estados Unidos.

A agência recorda ainda, citando dados da União Internacional dos Trabalhadores em Alimentação e Comércio, que pelo menos 30 trabalhadores do setor morreram com a covid-19, havendo mais de 10.000 infetados ou expostos ao vírus.

Os mesmo dados mostram que cerca de trinta fábricas que produzem carne em todo o território fecharam durante algum tempo nos últimos dois meses.

Tal como escreve a Bloomberg, há uma imensa quantidade de carne disponível nos Estados Unidos – para todos aqueles que a possam comprar.

ZAP //

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