Responsáveis pelo beijar da cruz em Barcelos arriscam prisão até 8 anos. Lares também cumpriram a tradição

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A GNR já identificou duas pessoas envolvidas no “beija-cruz”, um acto típico da Páscoa, numa freguesia de Barcelos. O homem e a mulher implicados arriscam penas de prisão que podem ir dos 2 aos 8 anos por crimes de desobediência e de propagação de doença contagiosa dado que estamos em estado de emergência devido à pandemia de Covid-19.

O caso ocorreu, neste domingo, na freguesia de Martim, no concelho de Barcelos, e foi divulgado nas redes sociais. Nas imagens partilhadas, é possível ver uma mulher a segurar uma cruz improvisada, enquanto várias pessoas se acercam dela, à vez, para a beijarem. A espaços a mulher vai limpando a cruz com o que parece ser um pano. Também é possível ver um homem que, a data altura, se acerca da mulher com o que será um frasco de álcool na mão.

Foram estas duas pessoas a ser identificadas pela GNR como os alegados promotores do “beija-cruz”, conforme informação da GNR recolhida pela agência Lusa.

Os dois implicados arriscam, agora, penas de prisão que podem ir dos 2 aos 8 anos, estando em causa os crimes de desobediência e/ou de propagação de doença contagiosa.

O presidente da Junta de Martim, António Carvalho, revelou ao jornal local O Minho que “a situação foi localizada numa família, numa rua” e que “não foi uma situação generalizada na freguesia, nem coisa que se pareça”, embora saliente que o caso “é grave” e que é preciso “apurar responsabilidades”.

Entretanto, a GNR está a tentar identificar os responsáveis por outra celebração pascal numa rua em Vermoim, Vila Nova de Famalicão, onde também houve beija-cruz e champanhe.

As imagens de Famalicão também chegaram às redes sociais, mostrando um grupo de pessoas e uma mesa no meio da rua, com comida e também uma cruz improvisada.

O jornal local Cidade Hoje revela que uma das pessoas envolvidas na iniciativa é enfermeira e que já foi dispensada da unidade de cuidados de saúde de uma instituição de Famalicão onde trabalhava.

Lares deram cruz a beijar aos idosos

Outra situação que está a gerar revolta envolve dois lares de idosos que deram a cruz a beijar aos seus utentes. Estão em causa o lar do Centro Social de Freiriz, em Vila Verde, e o lar do Centro Paroquial de Paderne, em Melgaço.

No caso de Vila Verde, as imagens foram divulgadas em directo na página de Facebook do Centro Social de Freiriz e depois disseminadas pelo jornal local Semanário V. No vídeo podem-se ver vários idosos a beijar a cruz sem máscara e uma das funcionárias do lar chega mesmo a afastar a máscara da boca, para repetir o gesto. Também há, pelo menos, um idoso que se recusa a beijar a cruz.

A directora técnica do lar de Freiriz, Teresa Barbosa, explicou ao Jornal de Notícias (JN) que “foram cumpridas todas as normas de segurança genéricas e as específicas desta fase, com toda a segurança sanitária”. Além disso, notou que “resultaram negativos todos os exames realizados aos utentes e funcionárias, onde nunca nenhum apresentou sequer qualquer sintoma por Covid-19”. “Por isso, foi de forma consciente e esclarecida que quem quis beijou a cruz”, apontou.

No Centro Paroquial de Paderne, em Melgaço, a directora técnica, Lurdes Gonçalves, justifica que foi “um risco controlado”, conforme declarações ao JN.

“Aceito todas a críticas em relação a este gesto que foi inteiramente meu. Analisando friamente a situação, era desnecessário. Pensei muito com o coração e menos com razão, e deixei-me levar pelo sentimentalismo da época“, apontou, contudo, a responsável do lar de Paderne. “Dói-me muito o outro e custou-me ver os utentes em sacrifício sem poder ver a família e viver a Páscoa. Quis fazer-lhes uma surpresa””, considerou ainda.

No lar que também presta apoio domiciliário a quatro idosos, a cruz foi dada a beijar a estes utentes nas suas casas. “Em casa de cada utente passei álcool gel e eles usaram máscara para beijar a cruz. Quando entrei para a instituição desinfectei tudo e achei desnecessário dar máscara, porque os utentes estão confinados há muito tempo, e tive o cuidado de passar álcool gel de um para outro. Dei a 13″, referiu ainda Lurdes Gonçalves, concluindo que “as famílias ficaram muito agradadas e agradeceram a iniciativa”.

Note-se que a própria Igreja Católica recomendou a suspensão da tradição do “beija-cruz” nesta Páscoa, para evitar a propagação do coronavírus.

Visita pascal adaptada em “padre móvel”

Em Matosinhos, a visita pascal foi adaptada às contingências do combate à propagação do novo coronavírus, com inspiração no “papamóvel”, o veículo criado para a locomoção do Papa nas aparições públicas.

O padre Amaro Gonçalo Ferreira, da paróquia da Senhora da Hora, em Matosinhos, fez a visita pascal no “padre móvel”, percorrendo as ruas da freguesia e acompanhado, a partir das suas casas, por muitos residentes.

Com o céu a ameaçar chuva, a carrinha de caixa aberta onde seguiram, na traseira, o padre e o crucifixo, percorreu a uma velocidade lenta, mas desmobilizadora de qualquer aproximação, as ruas da freguesia, num trajecto acompanhado por uma gravação onde se escutava a mensagem pascal que aconselhava as pessoas a manterem-se em casa.

À passagem do “padre móvel” viam-se, à janela ou nas varandas, sobretudo pessoas de meia-idade e idosos, correspondendo à interacção que o padre, antes de iniciar a visita pascal, em conversa com a Lusa, expressou que acontecesse, num percurso de emoções, ora expresso em palmas ou em lágrimas.

Colocado na traseira da viatura, o crucifixo estava “em lugar inacessível, pelo que as pessoas podiam apenas contemplar, olhar”, correspondendo-lhes o pároco com “uma bênção, com um gesto de paz e de saudação”.

“O nosso delegado de saúde e a nossa presidente de Câmara [de Matosinhos] além de não o impedirem, recomendaram e felicitaram-nos pela iniciativa porque acham que neste dia faz falta às pessoas uma mensagem diferente”, acrescentou o pároco.

À janela de sua casa, com um círio pascal aceso, Maria Vieira viu, em lágrimas, a viatura passar, confessando depois à Lusa que “viver a Páscoa nesta situação é muito triste”, mas enfatizando ter ficado “muito, muito, muito feliz pela vinda do padre” até ao seu bairro.

A decisão do padre foi maravilhosa. No Brasil fazemos isto sempre, colocámos Jesus Sacramentado no carro e saímos, em dias normais, pelas ruas. Por isso é que considero que esta decisão foi espectacular”, acrescentou Helena Sineiro.

ZAP // Lusa

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8 Comments

  1. Nunca pensei que em Portugal fossem os adeptos da religião católica a dar o primeiro passo contra a ditadura.

    No entanto, o acto de beijar o objecto clerical conforme descrito na notícia deve ser proibido, pois torna-se numa via para a transmissão de doenças que afectam o organismo do ser-humano podendo trazer consigo graves consequências, para além de ser uma falta de higiene tremenda.

  2. Não admira, que em certas Regiões e Locais, que gente sem o mínimo de consciência e responsabilidade, agem desta forma !………. Obscurantismo no seu esplendor !..En vez de espalharem a Fé, estão a espalhar a Doença e eventualmente a Morte !..O Fanatismo e cegueira Religiosa, continuaram a dar este tipo de Exemplos, ao ponto que nem as recomendações do Papa respeitam !

  3. Gente irresponsavel , o Presidente da Republica ,o Primeiro Ministro ,a GNR a PSP e a Igreja a avisar que não deve sair de casa e depois à uma duzia de espertos que só fazem porcaria,deviam era serem todos presos 2 meses e pagar uma multa elevada por derrespeito ao Presidente da Republica.

  4. Mas que trampa é esta, agora ate querem mandar nas nossas confissoe4s religiosas? Não estive lá, por acaso ate sou de longe, mas se estivesse beijava a cruz sem receio. certamente limpavam a cruz com um pano com alcool antes de passar ao crente seguinte….agora já se sabia que haveria uns tantos abelhudos à espera do acontecimento para vir fazer queixinhas de quem em plena liberdade de opçoes, tomas as que acha para si por mais convenientes…….abaixo a pide…a liberdade foi-nos dada no 25 de abril, claro liberdade nominal , pois na pratica , fazem senão pior que no tempo de outra senhora…havia sempre informantes

  5. Esperemos que a justiça seja célere, pois estou farto de estar em casa por causa dessas pessoas ou semelhantes que não passam de propagadores de doenças.
    É claro que poder-se-há dar o desconto em virtude da ignorância e não levar a condenação à pena máxima, mas pelo menos um a dois anos com transmissão directa do julgamento julgo ser fundamental para todos os que pesam que a doença só apanha os outros e não tomam as medidas necessárias para não infectar outros.
    Terá que ser uma condenação exemplar, pois basta pensar que alguém poderá ter sido contagiado e vir a morrer.

  6. Liberdade… para espalhar uma doença? O senhor está redondamente enganado e as suas palavras mostram uma enorme ignorância. Pessoas assim morrerão mais cedo, chama-se Seleção Natural, e sinceramente não tenho pena nenhuma. Tenho pena é dos velhinhos que provavelmente já não sabem a quantas andam e lhes metem um objeto potencialmente contaminado à frente da cara para beijarem como se fosse normal! Que burrice, que irresponsabilidade, que necessidade de encher esses egos nojentos religiosos com as vossas merdas sem sentido nenhum…

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