O Núcleo de Estudantes de Medicina (MedUBI) da Universidade da Beira Interior, na Covilhã, criou um “banco de boleias” que permite aos alunos encontrarem e oferecerem boleia através do Facebook, explicou à Lusa o presidente do MedUbi.
Pedro Oliveira disse que o “banco de boleias” tem como objectivo “facilitar a deslocação e reduzir os custos das viagens” dos alunos e surgiu da sua própria experiência, bem como da de outros colegas que, na hora de ir a casa no fim de semana, já recorriam a sítios da internet para encontrarem transporte.
“Temos noção de que cerca de 90% dos alunos da UBI são deslocados e que muitas vezes aproveitam a boleia para ir a casa, não só porque fica mais barato, mas também porque permite uma maior flexibilidade de horários”, referiu.
Pedro Oliveira apontou o exemplo daqueles que se deslocam para Norte por serem dos que estão mais condicionados.
O único meio de transporte público a que podem recorrer é o autocarro e, ainda que dependa das situações específicas, a oferta “nem sempre tem horários compatíveis com as necessidades” dos estudantes.
“O último autocarro sai às 17:50, mas há vários cursos, nomeadamente o de Medicina, em que as aulas duram até às 20:00. Portanto, esses alunos já não podem ir nesse dia”, referiu.
Já de malas feitas e pronto para apanhar boleia com outro colega, Nuno Vilas Boas, natural de Famalicão e estudante do 3.º ano de Medicina na UBI, confirma que ir de boleia é mais fácil.
“Assim posso ir embora à quinta-feira. De outra forma seria impossível e acabava por ter de gastar muito dinheiro para ficar pouquíssimo tempo”, refere.
A boleia desta semana é com um colega com quem Nuno Vilas Boas já foi outras vezes mas, desta feita, o contacto foi feito através da nova aplicação.
A questão da poupança também não é alheia àqueles que recorrem ao “banco de boleias”.
As contas são já feitas por Pedro Oliveira, que utiliza o carro como meio de transporte privilegiado, mas só se tiver a quem dar boleia.
“Ir para o Porto custa pelo menos 20 euros em portagens e cerca de 25 euros em combustível, só numa viagem. Ir sozinho é proibitivo”, esclarece este estudante natural de Vila Nova de Gaia.
Mesmo assim, encontrar quem quisesse dar boleia ou quisesse ir a casa dependia muitas vezes dos contactos pessoais e dos telefonemas, “o que acabava por ser constrangedor”, assume Pedro Oliveira.
Um mal-estar que não tem de repetir-se graças à nova aplicação que foi desenvolvida por André Fernandes, também ele estudante de Medicina, mas natural da Covilhã.
“Estamos a trabalhar nisto desde abril, mas houve interrupções. Depois, decidimos lançá-la agora, porque coincide com o início do aluno lectivo”, apontou.
André Fernandes adiantou ainda que a aplicação deverá ser melhorada para poder incluir notificações para os interessados.
Esclarece ainda que o “banco de boleias”, que está a funcionar há pouco mais de uma semana e já tem já 500 pessoas inscritas, se destina essencialmente à comunidade universitária, ainda que seja aberto a todas as pessoas.
Os dinamizadores do projecto sublinham também que não ganham nada com o mesmo e apelam a todos os utilizadores para que tenham as devidas cautelas na hora de dar ou aceitar a boleia, nomeadamente através da verificação de perfis.
/Lusa