“Sobressalto constante”. Lares pedem rapidez na realização dos testes

Pedro Sarmento Costa / Lusa

Há vários lares em Portugal com utentes e funcionários infetados e óbitos a registar. Esta terça-feira, nos Açores, foi detetado o primeiro caso de infeção num lar de idosos.

Em declarações à agência Lusa, o diretor geral da Santa Casa da Misericórdia de Vila de Rei (SCMVR), em Castelo Branco, pediu rapidez na realização dos testes, tendo receio de infeções entre os 280 utentes e 230 funcionários dos lares do concelho.

“Não temos casos positivos nos utentes dos nossos lares e, quando chegamos ao fim do dia e vemos que continua tudo bem com eles e com os nossos funcionários, é uma vitória, porque vivemos aqui num sobressalto constante“, disse Valdemar Joaquim.

“Aquilo que desejamos é que cheguem a nós rapidamente e que depois até haja a possibilidade de os repetir, passado algum tempo”, disse ainda o diretor.

O responsável defendeu que “um teste com resultado negativo é algo palpável, um comprovativo que vem sossegar e mostrar a todos que o trabalho que estão a fazer está a surtir efeito”, tendo feito notar que, neste momento, “não se sabe de nada”.

Com 240 utentes divididos por duas Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI), um Centro Geriátrico, uma Unidade de Cuidados Continuados e mais quatro dezenas de pessoas em apoio domiciliário, a SCMVR apostou desde o início do surto pandémico em medidas como a restrição de visitas aos utentes, o isolamento profilático após ida ao hospital para tratamentos, além do reforço dos cuidados de higiene, mediação de temperatura e distribuição de equipamentos de proteção individual (EPI) a todas as equipas profissionais.

“A preocupação que o vírus entre nos lares é constante e o plano de contingência geral da Santa Casa vai no sentido de reduzir ao máximo o risco, sendo que os equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas e batas, materiais que todos necessitamos, são fundamentais e devia haver algum controlo sobre os preços praticados”, alertou.

Para Valdemar Joaquim, os materiais que asseguram algum controlo e proteção ao vírus estão a “preços escandalosos”, que “ultrapassam tudo”, tendo apelado “a quem tem poderes para tal” para “pôr a mão nisto, se é que é possível”.

Cinco mortos em lar de Vila Nova de Foz Côa

O número de mortes no Lar Nossa Senhora da Veiga, em Vila Nova de Foz Côa, subiu esta terça-feira para cinco. “Trata-se de uma senhora de 92 anos que estava internada no Hospital da Guarda”, precisou a delegada da Unidade de Saúde Pública (USP) da Guarda, Ana Viseu.

Segundo a USP da Guarda, a idade das vítimas mortais naquele lar, gerido pela Misericórdia de Vila Nova de Foz Côa, dois homens e três mulheres, situa-se entre os 85 e os 100 anos.

Este lar encontra-se em regime de isolamento, tendo já sido alvo de um processo de desinfeção levado a cabo por uma empresa especializada, medida que foi estendida a outros locais daquela cidade do Douro Superior.

O primeiro foco de infeção neste lar foi registado no dia 25 de março.

Lar de Vale de Cambra já tem 51 infetados

O lar da Fundação Luíz Bernardo de Almeida, em Vale de Cambra, Aveiro, conseguiu testar todos os utentes e conta 51 casos confirmados, avança o Jornal de Notícias.

“Conseguimos finalmente testar todos os utentes, com a ajuda de pessoas amigas e com um esforço por parte da equipa de profissionais de saúde da instituição”, explicou José Carlos Coelho, diretor da fundação, citado pelo jornal.

Na sexta-feira passada, uma utente do lar, de 89 anos, morreu no hospital vítima da doença. A instituição já tinha pedido testes há cerca de uma semana, quando soube que tinha uma funcionária infetada.

Os utentes que não estão infetados “estão numa camarata criada num edifício da fundação ligado à infância” e os casos confirmados “mantêm-se no edifício do lar, com a equipa que já estava a acompanhá-los” e “estão todos bem”. Há ainda dez utentes internados, mas “estão todos estáveis e deverão ter alta em breve”.

Na segunda-feira, o presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, confirmou que 15 idosos do lar da Santa Casa da Misericórdia morreram depois de terem contraído a covid-19, havendo ainda 99 utentes e funcionários infetados.

Oito idosos infetados em lar de Alcobaça

Dos 35 utentes da instituição que foram testados “sete tiveram resultado positivo”, disse à Lusa Luís Santos, administrador do Lar de Nossa Senhora da Conceição, em Turquel, no concelho de Alcobaça, no distrito de Leiria.

Os 35 utentes foram testados depois de, no dia 31 de março, uma idosa de 86 anos, internada no Hospital de Leiria, ter sido o primeiro caso de infeção confirmado na instituição.

Dos testes realizados aos utentes, 21 deram negativo, um terá de ser repetido porque foi inconclusivo e falta ainda conhecer o resultado de seis. De acordo com Luís Santos, foram também realizados testes a todas as funcionárias, das quais duas testaram positivo e as restantes negativo.

O responsável pela instituição disse ainda estar a aguardar “instruções das autoridades de saúde”, mas adiantou que o lar “tem condições para manter todos os idosos infetados em isolamento”, considerando não haver “necessidade de os deslocar para outros locais”.

O Lar de Nossa Senhora da Conceição é o único do concelho de Alcobaça onde foram registados casos positivos.

Açores detetam primeiro caso num lar

Esta terça-feira, os Açores detetaram o primeiro caso de infeção num lar de idosos, uma mulher de 88 anos, na ilha de São Miguel, que terá sido infetada no hospital onde esteve internada.

A mulher esteve internada no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, onde terá tido contacto com profissionais de saúde infetados pelo novo coronavírus, mas a cadeia de transmissão e os contactos próximos das pessoas que a integravam só foram identificados depois de a utente regressar ao lar de idosos, no concelho do Nordeste.

A estrutura residencial para idosos da Santa Casa da Misericórdia do Nordeste está encerrada e só reabrirá depois de todos os utentes e funcionários terem sido testados.

Está encerrada e os profissionais que lá estão, estão a prestar assistência a todos aqueles que estão institucionalizados, até nós verificarmos a existência ou não de mais casos positivos”, frisou o responsável da Autoridade de Saúde Regional.

Mediante os resultados, será avaliada a necessidade de transferir utentes para unidades de saúde e de substituir funcionários. Está em cima da mesa a possibilidade de os profissionais de saúde da Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel prestarem esse serviço.

ZAP // Lusa

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