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Partidos e Governo fazem tréguas (mas o juízo crítico mantém-se)

António Pedro Santos / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, acompanhado pelo presidente do PSD, Rui Rio

Não é tempo de guerrilha nem de acusações. Unem-se esforços, à esquerda e à direita, em prol do país. Mas um passo em falso do Governo não passará despercebido.

À direita, o PSD e o CDS-PP estão menos empenhados em fazer oposição e mais disponíveis para ajudar os socialistas nesta desordem que a pandemia do novo coronavírus provocou. Tanto Rui Rio como Francisco Rodrigues dos Santos se mostraram disponíveis para ajudar, incluindo para aprovar um eventual Orçamento retificativo. Mas, segundo o semanário Expresso, a vigilância mantém-se.

Aliás, este é o momento em que o Governo tem de provar que é capaz de proteger o país, caso contrário, não tem condições para continuar em funções.

Na convenção organizada pelo Movimento Europa e Liberdade (MEL), Paulo Mota Pinto, do PSD, disse que “os portugueses não aceitarão álibis nem manobras de diversão”. Do CDS, Telmo Correia, em entrevista ao Público, afirmou que “mais uma vez com este Governo há dificuldade na gestão de uma crise”.

A crise pode fazer-se sentir, e com força, no modelo económico definido por Mário Centeno e na gestão do Serviço Nacional de Saúde (SNS), duas das principais críticas apontadas pela direita. “Quando (ou se) o país entrar em crise, a direita não se coibirá de apontar o dedo ao Governo, não pelos efeitos da Covid-19 na economia, mas porque nunca cuidou da robustez das contas públicas”, escreve o Expresso.

O mesmo se aplica ao SNS: se, no futuro, ficar provado que houve má gestão e que a falta de meios e recursos humanos contribuiu para uma crise, “cabeças terão de rolar”, disse ao semanário um dirigente social-democrata.

Ainda assim, é tempo de unir forças e garantir apoio à estratégia do Governo. “Devemos estar todos aqui a combater um inimigo comum”, afirmou Rui Rio, no final do encontro com o primeiro-ministro, António Costa.

À esquerda, a prioridade passou a ser aumentar o tom de exigências como o reforço do SNS, descrito como o único sistema que “poderá responder” a esta crise. “Queremos dar a colaboração necessária e adaptámos a nossa agenda a isso. Este não é o momento para lutas políticas”, disse ao matutino o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares.

A requisição de meios dos privados para ajudar na resposta ao surto foi uma medida que partiu do Bloco de Esquerda. Da mesma forma, os direitos laborais, particularmente dos trabalhadores independentes (recibos verdes), foram um dos focos das propostas que a delegação bloquista levou ao encontro com o primeiro-ministro, e que foram adotadas.

O PCP priorizou soluções para a área do Trabalho e no reforço do SNS, embora com um discurso crítico do que diz ser um aproveitamento da situação para intensificar “ataques” ao SNS e retirar direitos aos trabalhadores, sobretudo aos independentes ou em lay-off.

À saída do encontro com o primeiro-ministro, Jerónimo de Sousa deu um sinal de inegável preocupação: “Não saio daqui descansado.”

ZAP //

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