O Governo britânico de Boris Johnson enfrentou a primeira rebelião no seu próprio grupo parlamentar conservador devido à oposição de um bloco de deputados à participação da Huawei no desenvolvimento do 5G no Reino Unido.
Liderados por Ian Duncan Smith, ex-chefe do Partido Conservador, 38 parlamentares conservadores apoiaram uma emenda ao projeto de lei de telecomunicações e infraestruturas que tentava garantir que a tecnologia da empresa chinesa deixasse de ser usada nas redes britânicas.
Duncan Smith, que em tempos comparou a China ao regime alemão nazi, é um dos históricos conservadores que não querem ver a tecnologia chinesa no interior dos dispositivos de telecomunicações. Liam Fox, ex-ministro conservador do Comércio Internacional, também faz parte do grupo.
Assim, para alguns deputados conservadores britânicos, as “ordens” vindas da Casa Branca, segundo as quais a Europa deve abster-se de usar tecnologia chinesa no 5G são para serem seguidas.
Porém, de acordo com o Jornal Económico, Boris conseguiu que a emenda, apoiada pela oposição trabalhista, não tivesse êxito, mas a votação ficou em 282 votos a favor da emenda e 306 contra – os conservadores têm 365 lugares e os trabalhistas 202 -, o que constitui um alerta para primeiro-ministro.
O governo de Boris resistiu à pressão dos Estados Unidos e deu luz verde, com condições, à participação da Huawei no desenvolvimento da nova fase do 5G no Reino Unido. A empresa não poderá monopolizar mais de 35% das infraestruturas implantadas ou aceder aos núcleos mais sensíveis da nova rede.
Boris prometeu aos deputados rebeldes que o assunto será debatido com pormenor antes de surgir a futura lei.
Segundo Steve Baker, um eurocético aliado de Boris, a batalha sobre o caso Huawei está, no interior da Câmara dos Comuns, apenas a começar. De mais 12 deputados mudarem o seu sentido de voto e a emenda regressar à votação, Johnson sofre uma derrota.