O ministro das Finanças, Mário Centeno, não fecha a porta à liderança do Banco de Portugal (BdP), dizendo que a eventual decisão, quando vier a ser tomada, será devidamente explicada pelo Governo.
Mário Centeno, que é também presidente do Eurogrupo, tem sido apontado como sucessor de Carlos Costa no BdP. Em entrevista à revista Visão, esta quinta-feira divulgada, o número um de António Costa nas Finanças pouco ou nada disse sobre o assunto.
A eventual decisão sobre uma saída para regulador será “tomada a seu tempo, pelo Governo, e nesse altura seguramente o Governo explicará“, garantiu.
Sem fechar as portas a este cenário, Mário Centeno diz que não costuma “sofrer de ansiedade com coisas que vão aparecer várias semanas ou meses à frente na agenda”, frisando que este não é o momento para refletir sobre o seu futuro político.
“Não é o momento de fazer essa reflexão, porque a questão não se coloca neste momento político, no Governo ou no Eurogrupo”. Na mesma entrevista, Mário Centeno assegurou que não houve conversas com o Governo sobre esta matéria.
“Para que isto não tenha outra interpretação que não estatística, na política, e no cargo que desempenho, quer como presidente do Eurogrupo quer como ministro das Finanças, nós não somos, nós estamos. E mantenho-me focado nas minhas tarefas, que são exigentes mas das quais não me queixo. Mas também percebo a necessidade de olhar para os tempos políticos, na análise política…”, sustentou.
Mário Centeno defendeu ainda que o governador do BdP não tem de ser um técnico, considerando que esta figura é um “ator político da maior relevância”.
“[O governador do Banco de Portuugal] conduz as políticas macroprudenciais, as políticas comportamentais, as políticas de supervisão, e depois participa na definição da política momentária do Banco Central Europeu. Já viu a quantidade de vezes que eu disse a palavra política?”, disse Centeno, acabando por ser questionado pelos jornalistas: “O senhor ministro está a desenhar o seu próprio perfil…”
“Não, não estou”, garantiu. “O meu perfil é de ministro das Finanças, nesta altura”.