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Conseguimos “ouvir” ao ler os lábios de alguém (e já sabemos como)

Um estudo recente sugere que, quando vemos uma pessoa a falar, a nossa atividade cerebral é sincronizada com a voz do locutor através da leitura dos lábios. Este fenómeno acontece mesmo quando não conseguimos interpretar as ondas sonoras.

Estudos anteriores haviam comprovado que a leitura labial ativa silenciosamente os córtices auditivos, mas os cientistas não sabiam o que implicava essa ativação. Pelo menos, até agora.

Uma investigação levada a cabo pelo Centro Basco de Cognição, Cérebro e Linguagem (BCBL) de San Sebastián, em Espanha, revela que o cérebro não só se ativa, como se sincroniza com as ondas sonoras da fala através da leitura dos lábios, mesmo sem um som audível.

“Os nossos córtices auditivos sincronizam-se com os movimentos dos lábios sem ouvir o som emitido pelo locutor, o que significa que, apesar de as regiões auditivas não estarem a ouvir qualquer som, elas são sensíveis às informações visuais que recebem”, explica o investigador Nicola Molinaro, citado pela agência Sinc.

Durante o estudo, os cientistas expuseram 25 participantes a um teste com uma duração de, aproximadamente, uma hora, durante o qual ouviam áudios sem imagens e viam vídeos sem som. Com base nessa experiência, os investigadores descobriram que os córtices auditivos mostraram um nível suficiente de sincronização com as ondas sonoras produzidas pelo vídeo que não estavam a ouvir.

De acordo com o artigo científico, publicado no The Journal of Neuroscience, a sincronização assemelhava-se à de quem ouviu a história, o que sugere que o cérebro consegue obter informações auditivas a partir das informações visuais, disponíveis através da leitura labial.

Esta descoberta abre a porta a muitas outras incógnitas que os cientistas pretendem investigar nos próximos anos. Em primeiro lugar, o estudo confirma que as regiões auditivas são sensíveis a muitas informações (quer sejam audíveis ou não), apesar de não se saber até que ponto diferentes parâmetros afetam a atividade cerebral.

“A informação verbal não passa apenas pelo canal auditivo; também é sensível à informação visual. A comunicação verbal é, em suma, uma comunicação multimodal muito mais rica”, remata Molinaro.

ZAP //

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