A limitação dos vistos gold apenas a quem compra imobiliário no interior do país já levou ao cancelamento de contratos de promessa de compra e venda e de escrituras para adquirir casas nas grandes cidades portuguesas.
De acordo com a TSF, o vice-presidente da Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), Hugo Santos Ferreira, tem recebido telefonemas do estrangeiro na última semana, desde que na quarta-feira o Parlamento aprovou a limitação dos vistos gold para travar o aumento dos preços da habitação em Lisboa e no Porto.
“No dia do anúncio da medida muitos contratos de promessa de compra e venda ou algumas escrituras não se chegaram a efetivar pela incerteza e agora pela confirmação da aprovação da medida com o Orçamento do Estado”, disse à TSF o responsável.
E continuou: “Muitos relatos, referentes a Lisboa e Porto, de contratos que estavam para ser assinados esta semana e que foram suspensos ou cancelados devido à decisão do Parlamento”, sobretudo de investidores chineses e brasileiros.
Segundo contou à TSF, na noite em que a mudança foi confirmada pelos deputados, recebeu teve um telefonema de um investidor de Xangai. “Estava a analisar a aquisição de grandes ativos em Lisboa, promoção imobiliária para classe média e também dedicada ao visto gold, e afinal não ia avançar”, referiu.
“Coloquemos as coisas ao contrário: se fosse um português a investir na China ou no Brasil muito dificilmente iria investir num interior que não conhece, mas sim nas principais cidades com expectativas de retorno e rentabilidade conhecidas com um risco mais diminuto”, afirmou ainda Hugo Santos Ferreira.
Para ter um visto gold é preciso investir 500 mil euros na compra de imobiliário. Dos 8.125 vistos concedidos entre outubro de 2012 e novembro de 2019, 4.441 foram entregues a chineses e 858 a brasileiros.