O presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos, continua a defender Alcochete para o novo aeroporto, considerando que Montijo “vai ficar na história da aviação mundial como uma das soluções mais ridículas de sempre”.
Em declarações ao Diário de Notícias, Joaquim Santos mostrou-se incrédulo com a escolha do Montijo, que, na sua perspetiva, “é um projeto que implica muito mais complexidade, sobretudo tendo em conta que parte do aeroporto terá de ser construído sobre a água”, no rio Tejo.
O investimento de 1,15 mil milhões de euros, acordado entre a ANA – Aeroportos de Portugal e o Estado, para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, “é dinheiro deitado para o lixo“, segundo o autarca eleito pela CDU, que acredita que “com o mesmo valor seria possível fazer muito mais em Alcochete”.
“Optar pelo Montijo vai afetar milhares de pessoas devido aos cones de aproximação às pistas. Os aviões vão passar por cima de 150 mil pessoas do Seixal, Montijo, Barreiro, Moita e Sesimbra, expondo-as a níveis tremendos de ruído“, prosseguiu ao DN. “E, mesmo que a rota seja mantida, a altitude será muito superior, com níveis de ruído residuais”. Além disso, considera “duvidosas todas as medidas de mitigação” na declaração de impacte ambiental (DIA).
Segundo Joaquim Santos, em Alcochete, “por ali existir o Campo de Tiro, da Força Aérea Portuguesa, não há abundância de aves; por conseguinte, não seria necessário adotar medidas para proteger a avifauna”, em oposição às medidas previstas para salvaguardar a biodiversidade no Montijo.
“A opção é um erro crasso com a agravante de que, do ponto de vista aeronáutico, a escolha é muito limitada: nem todos os aviões poderão lá aterrar e também não tem capacidade de expansão”, continuou.
Apesar disso, remata ao DN, o autarca do Seixal acredita que “o governo acabará por fazer, em última instância, a escolha acertada”.
Aeroporto do Montijo é um erro que “custará caro”
O Livre contestou esta quinta-feira a emissão da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) do novo aeroporto no Montijo, mostrando-se disponível para todos as diligências que “permitam evitar um erro que custará caro ao ambiente e aos portugueses”.
Em comunicado, o Grupo de Contacto do Livre, a direção do partido, contesta esta decisão da APA “e solidariza-se com as Organizações Não-Governamentais de Ambiente”, que no mesmo dia anunciaram que vão recorrer aos tribunais e à Comissão Europeia para travar o aeroporto no Montijo, por considerarem “ir contra as leis nacionais, as diretivas europeias e os tratados internacionais”.
“Na ausência da suspensão da opção de extensão do aeroporto Humberto Delgado e construção do aeroporto do Montijo, o Livre continuará a acompanhar as denúncias que venham a ser apresentadas junto da Comissão Europeia de potencial violação de Diretivas Europeias, por parte da população portuguesa e das Organizações Não-Governamentais de Ambiente”.
Assegurando que o partido “tem acompanhado esta questão desde o início”, o Livre reafirma “as falhas e fragilidades” do Estudo de Impacte Ambiental e denuncia “a ineficácia de algumas das medidas de minimização e compensação propostas”.
“Para o Livre, num contexto internacional de combate às alterações climáticas, o crescimento do sector da aviação deverá ser contido, os projetos de expansão deverão ser criticamente avaliados e as alternativas de investimento sustentáveis – como a ferrovia – deverão ser prioritárias”, aponta.
O partido considera ainda “grave que não tenha sido contabilizado o aumento das emissões de gases de efeito de estufa que esta opção aeroportuária trará”, condenando ainda “a débil avaliação de riscos naturais, em particular no que toca ao risco sísmico, de tsunami e de subida do nível das águas”.
PAN pede a demissão do presidente da APA
Esta quinta-feira, escreve a RTP, também o PAN veio a público reclamar a demissão do presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, na sequência da luz verde à construção de um aeroporto no Montijo. O porta-voz do PAN acusa a entidade de ser uma “debulhadora dos ecossistemas”.
“No seguimento do anúncio de parecer favorável condicionado pela APA ao aeroporto complementar do Montijo, o PAN considera que o atual conselho diretivo da APA não tem condições para continuar no exercício de funções, razão pela qual pede a demissão do presidente e da direção”, lê-se numa nota assinada por André Silva, porta-voz do PAN.
“A decisão da APA confirma aquilo para o qual o PAN tem há muito vindo a alertar: que não existe em Portugal uma entidade verdadeiramente independente capaz de assegurar a salvaguarda dos valores ambientais. Na verdade, a APA tem funcionado como a lavandaria da imagem dos sucessivos governos e uma debulhadora dos ecossistemas e dos valores naturais”, prossegue o texto do PAN.
O PAN promete bater-se contra “qualquer norma inscrita na proposta de Orçamento do Estado de 2020” para viabilização da nova infraestrutura aeroportuária. O partido prepara-se para apresentar uma iniciativa legislativa com vista a alterar o “diploma que estabelece o regime jurídico de Avaliação de Impacto Ambiental”, sustentando que “não faz sentido que sejam os proponentes dos projetos a desenvolver” os estudos.
O PAN vai também apresentar outra proposta que visa rever os “critérios de nomeação e de exercício de mandatos de altos cargos públicos”. O objetivo é assegurar “o exercício transparente e independente dos mandatos e a sua não perpetuação no tempo”.
Esta semana, o projeto do novo aeroporto no Montijo, na margem sul do Tejo, recebeu uma decisão favorável condicionada em sede de Declaração de Impacte Ambiental. Esta decisão mantém cerca de 160 medidas de minimização e compensação a que a ANA – Aeroportos de Portugal “terá de dar cumprimento”, as quais ascendem a cerca de 48 milhões de euros, adianta a nota.
No comunicado, a APA acrescenta que as medidas – relacionadas com a avifauna, ruído, mobilidade e alterações climáticas – “permitem minimizar e compensar os impactes ambientais negativos do projeto, as quais serão detalhadas na fase de projeto de execução”.
O projeto pretende promover a construção de um aeroporto civil na Base Aérea n.º 6 do Montijo (BA6), em complementaridade de funcionamento com o Aeroporto de Lisboa, visando a repartição do tráfego aéreo destinado à região de Lisboa e a acessibilidade rodoviária de ligação da A12 ao novo aeroporto.
Em 8 de janeiro de 2019, a ANA – Aeroportos de Portugal e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa (Aeroporto Humberto Delgado) e transformar a base aérea do Montijo num novo aeroporto.
No Orçamento do Estado para 2020 está previsto que a construção do aeroporto do Montijo comece este ano, dando continuidade “a este importante” projeto e entrando “em definitivo na sua fase de implementação”.
ZAP // Lusa
Para quem é esquecido:
“O Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) emitiu um parecer desfavorável “à opção do CTA para a localização do Novo Aeroporto de Lisboa, uma vez que esta solução é susceptível de gerar impactos de maior magnitude e não reversíveis sobre a avifauna aquática (particularmente a migradora) dependente da Zona de Protecção Especial (ZPE) do Estuário do Tejo e do sistema de zonas húmidas associadas à Lezíria e à península de Setúbal com destaque para a ZPE do Estuário do Sado”. O efeito sobre as aves aquáticas de grande importância internacional com possíveis reflexos negativos sobre áreas naturais a muitos milhares de quilómetros de distância é o principal argumento retirado do próprio relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que escolhe Alcochete em detrimento da Ota.”
“A criação de novas áreas de alimentação às aves aquáticas e a adopção de medidas rigorosas de controlo do uso do solo, ao nível urbanístico, assegurando património florestal e agrícola e paisagístico, são outras iniciativas defendidas. O relatório prevê ainda que as medidas de minimização representem 9,2% do custo total deste projecto, ou seja, cerca de 300 milhões de euros para um investimento de 3,2 mil milhões de euros.”
(in https://www.dn.pt/dossiers/economia/novo-aeroporto/noticias/so-o-instituto-da-natureza-chumbou-campo-de-tiro-978393.html)
Devia a comunicação social manter registo destas coisas e expor este tipo de declaração como incompetência destas pessoas.
e já agora deveriam ir perguntar quem aprovou a construção dentro do actual aeroporto, qd digo dentro é na área em volta do mesmo, uma vez que essa costuma ser a desculpa que o actual nao serve.
qd foi inagurado pouco ou nada existia à sua volta.
AEROPORTO NO MONTIJO VAI MATAR MUITA GENTE, DEVIDO A ACIDENTES COM SUCÇÃO DE AVES PELOS MOTORES DOS AVIÕES.
OS RESPONSÁVEIS?
O GOVERNO PS… 🙁
UM CRIME DE LESA-PÁTRIA QUE FAVORECE… OS AMIGOS DOS PARTIDOS DO PODER…
Assim como o Socrates teimava em construir na Ota, agora, é no Montijo.
A questão é muito simples.
Conheço alguem que comprou terrenos na zona da Ota á espera do novo aeroporto.
A valorização seria brutal.
Com o Montijo, será o mesmo.
A verdadeira pergunta a fazer é, quem lucrará mais com esta nova localização?
Já estamos tão habituados a más resoluções para o país que nem estranhamos mais esta!
Aeroporto ou Porta aviões?
Pelo tamanho que é Portugal, o aeroporto pode ser construído em qualquer parte do território. ficará sempre perto. Basta revitalizar e construir uma rede de caminho de ferro rápida e eficaz.
Como é óbvio. Excelente comentário. Até pode aproveitar Beja a meio caminho de Sines, Lisboa e Algarve …
Também tenho a tendência para preferir uma solução mais longínqua, e Beja também me ocorreu.
Tem óptimas condições geofísicas e seria uma belíssima oportunidade para dar um empurrão importante ao processo de repovoação do interior (muito melhor do que dar €5 000 a quem para lá queira ir viver).Mas é, de facto, incomportável devido à distância e tempo de viagem (mesmo com o TGV seria muito tempo). É uma questão de competitividade por comparação à Portela.
Mas em Alcochete teríamos oportunidade de fazer algo com uma visão de futuro.
Estão a chegar novas gerações de aeronaves, com capacidades que em muito ultrapassam o que conhecemos.
Para construir, mais vale construir algo sustentável com possibilidade de expansão e flexibilidade para adaptação.
Por comparação, o Montijo é um ‘penso rápido’ de mau gosto, já para não dizer perigoso e um atentado à fauna e aos habitantes das zonas contíguas.