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Estudo ambiental viabiliza novo aeroporto do Montijo (mas alerta para ameaças às aves e ruído)

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O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) ao futuro aeroporto do Montijo, disponível a partir desta segunda-feira para consulta pública, viabiliza o futuro do aeroporto, apesar dos efeitos negativos que terá nas aves e na população devido ao ruído.

O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) viabiliza a construção do futuro aeroporto do Montijo, nos terrenos da atual Base Aérea número 6 (BA6), mas reconhece que “como qualquer outro projeto desta dimensão” existem “impactes significativos no ambiente”. O estudo, que entrou esta segunda-feira em consulta pública, aponta diversas ameaças para a avifauna e efeitos negativos sobre a saúde da população por causa do ruído.

Do conjunto da documentação disponibilizada no site da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) consta um aditamento entregue este mês em que se reconhece um impacte “muito significativo” para uma espécie de ave (fuselo – Limosa lapponica), “moderadamente significativo” para nove espécies e “pouco significativo” para 18 outras.

Contudo, do ponto de vista do impacto global previsto para a avifauna, os responsáveis pelo documento consideram que “é, em geral, pouco significativo a moderado para a comunidade estudada, e não ‘muito significativo’, como mencionado no Parecer ao EIA”. “De referir ainda que, o impacte global é muito significativo apenas para uma espécie, o que representa apenas cerca de 4% do elenco em causa”, acrescentam.

A caracterização efetuada para a fauna permitiu elencar 260 espécies para a área abrangida pelo estudo. Das espécies identificadas, 45 aves apresentam estatuto de proteção.

O EIA diz que os impactes mais importantes na fase de exploração são para as aves e decorrem da circulação de aeronaves sobre o Estuário do Tejo, em especial para norte, e “que irá causar uma elevada perturbação ao nível do ruído nos habitats de alimentação e refúgio para este grupo”.

“Estes impactes são mesmo considerados como os mais significativos do projeto”, referem os autores do documento, que dizem, no entanto, que uma vez que está em causa a afetação de habitats de refúgio/alimentação de várias espécies importantes, “é proposto um conjunto de medidas de compensação/mitigação que visa a beneficiação de habitats” e que permite “reduzir a significância do impacte identificado”.

Já os impactes sobre a mortalidade de aves por colisão com aeronaves (bird strike), concluem que “para o elenco estudado, nenhuma das espécies terá as suas populações afetadas de forma importante pela mortalidade imposta por bird strike”.

Outros dos impactes negativos esperado para a fase de exploração do futuro aeroporto do Montijo está associado à perturbação pelo ruído decorrente do atravessamento de aeronaves numa parte do território do Barreiro e da Moita, “que poderá condicionar a expansão urbanística prevista para este território”, refere o EIA, que prevê que o concelho mais afetado seja o da Moita.

Contudo, prevê igualmente que, “com a aplicação de medidas ambientais adequadas e indicadas para o Ambiente Sonoro, o impacte possa ser, de certa forma, minimizado”.

Sublinham que, atualmente, a população desta zona “está maioritariamente exposta ao ruído do tráfego rodoviário e, em menor escala, do tráfego da linha ferroviária do Sado, de movimentação de pessoas em zona de lazer e outras, do tráfego fluvial, de atividades agrícolas e industriais, e das operações aéreas militares da BA6 (Base Aérea n,º6).

“Estimam-se que, dados os níveis sonoros atuais a que a população se encontra exposta, ocorrem efeitos negativos na saúde“, refere o documento, explicando que, dos cerca de 94.000 adultos residentes na área de estudo, se estima que “cerca de 11 a 12% possam sofrer de elevada incomodidade, 17% de incomodidade e cerca de 3% de elevadas perturbações do sono”.

“A incomodidade é entendida como um conjunto de reações negativas como irritação, insatisfação, raiva, ansiedade, agitação ou distração, que ocorre quando o ruído perturba as atividades diárias de um dado indivíduo (…)” e as perturbações do sono abrangem o “adormecer, despertar, duração reduzida do sono, alterações das fases e profundidade do sono, e aumento do número de movimentos corporais durante o sono”, explicam também.

Preveem que na fase da construção haja impactes negativos na população da zona envolvente tanto sob o ponto de vista da “elevada incomodidade” como elevadas perturbações do sono.

Já na fase de exploração, por causa do aumento dos níveis sonoros nas aterragens e descolagens, preveem “um aumento da população afetada no que diz respeito ao parâmetro Elevadas Perturbações do Sono, em que se prevê a potencial afetação de 6.555 (2022) a 7.744 (2042) adultos, e ao parâmetro Elevada Incomodidade”, com “uma potencial afetação de 12.455 (2062) a 13.723 (2022) adultos”.

Os impactes que decorrem desta afetação resultam em pouco significativos a significativos, sendo os concelhos mais afetados a Moita e o Barreiro”, esclarecem.

Ainda na Fase de Exploração, devido à acessibilidade de passageiros ao Aeroporto por via rodoviária e à presença e funcionamento dos novos Acessos, “estima-se que exista um aumento da população afetada no que diz respeito ao parâmetro Elevadas Perturbações do Sono, entre 1.200 (em 2022) a 1.400 (em 2042) adultos, que se traduz num impacte negativo pouco significativo a muito significativo”, refere o documento.

O estudo diz ainda que, no que diz respeito ao parâmetro ‘Elevada Incomodidade’, se prevê “a potencial afetação de cerca de 3.300 (2022) e de 4.200 (2042) adultos, que se traduz num impacte negativo pouco significativo a significativo nos concelhos do Montijo e Alcochete”.

Apesar destes impactes negativos sob a saúde da população, o documento diz que “as medidas ambientais propostas para o Ambiente Sonoro servirão também para minimizar os impactes identificados na Saúde Humana devido aos efeitos do ruído”.

A ANA e o Estado assinaram em 8 de janeiro o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa (Humberto Delgado) e transformar a base aérea do Montijo no novo aeroporto de Lisboa.

O projeto do Aeroporto do Montijo e respetivas acessibilidades, para além da construção de um novo aeroporto na região de Lisboa, engloba também a construção de um novo acesso rodoviário, que permitirá estabelecer a ligação do futuro aeroporto à A12.

O futuro aeroporto do Montijo deverá ser implantado dentro dos limites da Base Aérea 6, na margem esquerda do rio Tejo, a 25 quilómetros de Lisboa, na sua quase totalidade no concelho do Montijo, na União de Freguesias de Montijo e Afonsoeiro. Uma pequena área da Base aèrea 6, a nordeste, fica integrada no concelho de Alcochete, na freguesia do Samouco, mas que não será afetada pela construção do Aeroporto.

O primeiro-ministro, António Costa, já disse que apenas aguarda o EIA para a escolha da localização do novo aeroporto ser “irreversível”.

Quem tem contestado a realização do EIA é a associação ambientalista Zero, que em março interpôs uma ação judicial contra a APA para que seja efetuada uma Avaliação Ambiental Estratégica ao novo aeroporto do Montijo, um instrumento mais detalhado, que seria, no entender desta associação, a forma mais eficaz de avaliar verdadeiramente quais os efeitos deste nas questões do ordenamento do território, do ruído e da interferência com as espécies animais.

Pretendem igualmente que esta avaliação ambiental estratégica evidencie todas as alternativas, incluindo a não construção de um novo aeroporto.

 

// Lusa

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5 Comments

    • Nao, vamos esperar que caia o primeiro avião devido a aves nos motores e depois, o não haver culpas, do (agora) costume. Xiliões para o lixo (humano) como sempre. Depois, têm de arranjar outro aeroporto e foi tudo para aquele sítio.

  1. Tudo bem à portuguesa, o aeroporto vai incomodar as populações vizinhas devido sobretudo ao ruído, se optassem por um local isolado depressa teríamos esse aeroporto rodeado de habitações; quando se falou da solução OTA, recordo-me de ouvir falar em compras de terrenos no local, entre os compradores falou-se do senhor Mário Soares, certamente não seria na intenção de plantar vinha ou olival. Portanto esta possivelmente não será a melhor opção e até com pouco futuro mas valerá pela teimosia e pelo desperdício, o tempo o dirá!.

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