Um ensaio clínico com um medicamento chamado anifrolumabe poderá dar a primeira esperança, em 50 anos, aos pacientes diagnosticados com lúpus.
O lúpus é uma doença autoimune potencialmente fatal, que afeta cerca de cinco milhões de pessoas em todo o mundo, e ainda não tem causa ou cura conhecida. Agora, avança o Science Alert, um ensaio clínico internacional de três anos está a dar a primeira esperança real aos portadores desta doença em 50 anos.
O estudo de fase 3, chamado TULIP-2, testou um medicamento chamado anifrolumabe numa seleção aleatória de 180 pessoas com lúpus, dando-lhes 300 miligramas a cada quatro semanas, durante 48 semanas. Ao mesmo tempo, foi dado um placebo a 182 participantes que também têm a doença.
Os autores do estudo, agora publicado na revista New England Journal of Medicine, afirmam que esta substância produziu uma redução estatisticamente significativa e clinicamente significativa da doença.
Depois de 52 semanas, o medicamento não só reduziu a atividade auto-imune nos órgãos relevantes de muitos dos pacientes tratados, mas também reduziu a taxa de surtos — que incluem febre, dores nas articulações, fadiga e erupções cutâneas — e diminuiu a necessidade de esteróides.
Mesmo quando nenhuma virose pode ser encontrada, estudos recentes mostram que a grande maioria dos pacientes com lúpus produz excesso de interferon Tipo 1, que é uma proteína imune ligada ao desenvolvimento de glóbulos brancos. Tentativas anteriores de bloquear essa proteína falharam, mas o anifrolumabe bloqueia os recetores dessa proteína e não a própria molécula.
Até agora, esta substância foi testada em três ensaios clínicos e os resultados de cinco dos seis desfechos favoreceram o medicamento em relação ao placebo. Dada a desesperada necessidade de tratamento, muitas pessoas com a doença estão a pedir aos reguladores que considerem ensaios que permitam uma maior flexibilidade na definição do sucesso.
E, sim, é necessária mais investigação para comprovar se os benefícios do anifrolumabe superam os seus efeitos colaterais a longo prazo. Alguns pacientes que tomam o medicamento apresentaram um maior risco de bronquite e infeção respiratória e os riscos além das 52 semanas ainda não são claros.