Uma equipa de cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriu que 44% dos homens com mais de 70 anos tinham perdido o cromossoma Y nas suas células sanguíneas.
De acordo com o portal The Atlantic, os especialistas analisaram amostras de 205.011 homens, obtidas através de um banco de genes no Reino Unido.
Os cientistas estimam que 20% da população masculina representada no estudo terá perdido o cromossoma Y nas suas céulas sanguíneas. Nos participantes com mais de 70 anos, a percentagem mais que duplicava, atingindo os 43,6%.
A equipa identificou 156 variantes genéticas autossómicas relacionadas com a perda do cromossoma Y, preferencialmente próximas aos genes envolvidos na regulação do ciclo celular, suscetibilidade ao cancro ou fatores somáticos de crescimento de tumores.
Os seres humanos, recorde-se, têm 23 pares de cromossomas. Nas mulheres, o 23.º par é XX, enquanto que nos homens o 23.º é XY.
Os autores do estudo não sabem ao certo o que causa esta situação, mas acreditam que a perda do cromossoma Y ocorre por predisposição a processos que promovem erros durante a divisão celular ou a processos que ajudam a criar um ambiente onde as células aneuplóides – células com um número anormal de cromossomas – podem proliferar.
Na prática, a perda do cromossoma Y nas células sanguíneas pode estar a permitir que mutações de vários tipos se acumulem, podendo estas mesmas mutações ser elos subjacentes para problemas de saúde, como é o caso do cancro e das doenças cardíacas.
Análises posteriores mostraram que pessoas com alta predisposição genética para perder o cromossoma Y correm maior risco de vir a ter algum tipo de cancro. As variantes genéticas encontradas também influenciam outros aspetos, como o envelhecimento reprodutivo ao a diabetes tipo 2.
John Perry, o biólogo da universidade britânica que liderou o estudo, sugere que os novos resultados são um sinal dos danos que o ADN sofre ao longo da vida. “Assumimos que a perda do cromossoma Y é determinada por mecanismos comuns que predispõem à instabilidade do genoma e ao cancro em muitos tipos de células”, apontou.
Os resultados da investigação foram publicados no fim de novembro na revista Nature.