A ideia de obrigar os jovens médicos que fazem a sua especialização no Serviço Nacional de Saúde (SNS) a ficarem “presos” às suas funções por tempo determinado, que estará a ser estudada pelo Governo, já foi testada e não surtiu os resultados desejados.
Numa altura em que se agravam os problemas devido à falta de médicos especialistas no SNS, com profissionais do sector a notarem que se faz “medicina de guerra” nas urgências públicas, dada a falta de meios, a ministra da Saúde, Marta Temido, admite que é preciso investir mais na Saúde Pública.
“Todos reconhecemos que é preciso mais dinheiro para o SNS, mas que isso não basta”, salientou Marta Temido durante a sua participação no programa “Prós e Contras” da RTP1, onde se debateu o estado do SNS.
“Há um problema de organização, há um problema de conflitos de interesses, há, muitas vezes, um problema de a organização do SNS ser função dos interesses de todos, menos dos utentes”, apontou a ministra, atribuindo a “responsabilidade” pelos problemas que persistem no SNS aos sucessivos Governos pelas opções que foram sendo tomadas ao longo dos anos.
Confrontada com o desinvestimento público que tem sido feito na Saúde, a ministra prometeu ainda que vai “certamente haver mais dinheiro para a Saúde” no Orçamento de Estado para 2020.
Nos últimos dias, tem-se falado muito da falta de médicos especialistas no SNS, um cenário que estará a levar o Governo a equacionar obrigar os jovens clínicos a fixarem-se nos hospitais públicos, após o término das suas especializações.
Mas este “regime de fidelização” que é controverso já foi testado entre 2010 e 2014, sem ter os efeitos desejados, apesar de incluir um incentivo mensal de 750 euros, levando à adesão de apenas cerca de 800 especialistas, como recorda o Expresso.
O programa permitia a um médico que concorresse para uma vaga numa unidade onde a dita especialização estivesse em falta (habitualmente hospitais periféricos), formar-se noutro hospital maior do SNS, mesmo não tendo a média exigida no exame nacional de seriação. Deveria rumar à tal unidade a precisar da especialidade no término da formação, sendo obrigado a ficar lá por quatro anos. Durante a formação, o médico recebia o salário normal pelo internato, além dos 750 euros mensais brutos. Em caso de não cumprimento dos termos do acordo, teria que devolver o valor.
Ora, muitos dos médicos terão mesmo desistido, apesar de terem que devolver o dinheiro. “Só não desistiu quem tinha uma especialidade pouco carenciada, com menos procura, como medicina geral e familiar ou cirurgia”, explica uma fonte ao Expresso, notando que “ainda hoje há colegas com processos em tribunal por causa do acerto dos valores”.
O Expresso aponta que apenas se ocuparam 10% do total das vagas para especialistas no SNS durante aqueles anos, fruto do regime de fidelização.
Faltou dizer que os 800 especialistas estavam já fidelizados, pelo que foi atirar 600.000€ para a rua todos os meses.
E que tal baixarem a carga fiscal. A sra Marta Tremido sabe com quanto ficam os profissionais dos 750€ propostos? Alguns, se preciso for, atingem um escalão de IRS superior e recebem 75€… Mas imaginando que ganham 2000€ brutos, fica-lhes 348,50€ no bolso… Sente agora a sra ministra as dificuldades de muitas empresas para aumentar salários e com isso manter colaboradores e motivá-los.
Andaram decades a PAGAR p/ os hospitais privados terem viabilidade, o que está acontecer estava a olhos vistos, só não via quem não queria ver. Agora querem profissionais nos hospitais públicos e não os há. Claro que condições nos privados são mt melhores que no publico, mais a mais que nos hospitais públicos já não ha investimento á décadas. Temos hospitais decadentes em todos os aspetos, quer em pessoal, quer em condições. Temos hospitais c/ bolor, infiltrações de agua, fungos- isto é inadmissível. quando estava a Troika era porque estávamos a ser esmagados por eles. Já foram embora á 5 anos o que fizeram aqueles que nos desgovernam?? NADA em relação a tudo…
Não, o problema já não é o dinheiro. Agora é guerra aberta contra o direito a assistência medica para os que não sejam ricos. A única função de muito dinheiro é ter acesso a todos os conhecimentos médicos e farmacêuticos.
Custa me dizer, mas os médicos venderam a sua alma ao diabo
Apoiado Eter! Disse muito bem!
Passo a acrescentar, tudo isso tem estado a ser muito bem trabalhado por uma boa parte da classe médica a trabalhar no SNS, e por vários políticos em sucessivos governos, com interesses no sistema privado! Não é por acaso que estão projetados para os próximos tempos, tantos hospitais privados. É preciso criar a descrença, não é verdade?
Diário de Notícias, 02.08.19:Portugal vai criar em três anos (de 2018 a 2020) pelo menos mais 19 hospitais privados. Juntam-se aos 114 que já existiam, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), de 2016. No último ano, abriram portas oito novas unidades hospitalares e até ao final de 2019-2020 devem estar a funcionar mais cinco, segundo um levantamento feito pelo DN. Há ainda três projetos de hospitais particulares sem data de abertura prevista.
Para os administradores hospitalares, estes números são sinal da confiança que se vive no setor privado, em parte por causa da descrença no serviço público. Ah,HA,Ah, (deixem-me rir)! Tanta hipocrisia!
O CAUS e a DESCRENÇA afinal podem muito bem estar a ser encomendados!
Vamos depois a ver como é que será paga a classe médica no privado, quando tiverem arrasado por completo o Serviço Nacional de Saúde.
Aí é que vamos ver quem fica a ganhar com o negócio da saúde dos portugueses!
Os “médicos venderam a alma ao diabo” – é uma afirmação de uma ignorância e falta de humanismo. O SNS só está em pé devido ao esforço sobre-humano da classe médica e dos enfermeiros. Da próxima vez que for a urgência ou a consulta pergunte há quantas horas está o seu médico a trabalhar. Pergunte outra vez quantas vezes esteve ao telefone a implorar por um exame complementar ou por uma vaga nos cuidados intensivos. Se quiser aprofundar mais, pergunte quantas horas passa do seu tempo em casa a estudar para esclarecer a situação clínica daquele doente internado ou em consulta externa. Pode ser que deixe de ser tão injustos.
Julgar casos esporádicos e fazer deles representativos da maioria, tem um efeito certo, desmotivar todos os outros médicos, aí sim, é fácil aceitar um convite para o hospital particular ali ao lado.
Eu sou sempre mal atendido no público. É uma vergonha. Não têm em consideração que sou eu e todos os portugueses que lhes pagamos os salários através dos muitos milhares de euros que pagamos anualmente em impostos. Para mim o público está morto. Só vou ao privado. Pago duas vezes (público que não usufruo + privado), mas sou bem atendido. E se for mal atendido vou gastar o meu dinheiro para outra freguesia.
Pois, sim slogans são algo genéricos e os médicos não infectados que também ainda há, estão a ser chamados burro e ‘klassen feinds’ ou seja inimigos da classe. Agora tenho um dilema: Tenho seguro de saúde mas cada vez mais tenho que estar aí a espera em fila também. As enfermeiras são todas estagiárias, mão de obra barata e eu pergunto: Onde está o hospital para os podres de ricos? porque os hospitais particulares normais já não podem ser chamados assim 🙂
Para pagarem antecipadamente a divida á europa dá nas faltas que temos, E O PROBLEMA ESTÁ AI!!!!!!!!!!!!!
A ministra é incompetente.
Normalmente “são formadas” na SS e levam um curriculum que vale 0 mas que julgam saber gerir.
E gerir é muito mais que números e burocracia
Depois têm outro grande defeito: gerem sem que sejam responsabilizados pelos erros que cometem. E, desta foram fica-lhes “apenas” o tal julgamento politico
Em suma: são incompetentes . O resto é só conversa.
A culpa é dos privados!
Os privados é que são culpados porque mostram que as pessoas podem ter melhor atendimento num serviço privado do que num publico e ainda lhes fica mais barato.
Fechem os privados todos! Esses malandros.
E os médicos também são culpados por quererem ganhar melhor! É cadeia com eles todos.
Acabem com tudo o que é privado! Viva o Xuxalismo! Miséria é para todos não é só para alguns!
Povo ignorante…
Não, já não é por dinheiro nenhum. Os médicos querem ser empresários. Dantes um médico ganhava dinheiro com o seu tempo e com as suas duas mãos. O privado era para os menos dotados entre eles, pois respeito ganhava-se nos hospitais públicos. Isto de trabalhar com as mãos tem limites de capacidade de rendimento. Cada médico tem 24 horas por dia e duas mãos em média. Agora, ao serem accionistas em sociedades anónimas podem multiplicar o tempo e as mãos disponíveis. Para além de já não serem empregados, mas co-proprietários ou melhor, accionistas.
Agora querem melhores condições de trabalho no SNS, claro e com toda razão. Mas isto não tem fim e como faziam então dantes? Vejo um futuro igual ao dos EUA onde só quem tem dinheiro é assistido, especialmente os velhos irão viver de acordo com as poupanças. Isto explica o absurdo aumento de milionários, ultimamente. Não é preciso ter tanto, ao não ser para poder continuar a viver. Aí é começa o diabo 🙂
Como é que os médicos com interesses no privado podem ser bons no serviço publico se estão a fazer concorrência a si próprios? Alguém me explica?
Mas quero que fique bem claro não duvido que há grandes médicos no serviço publico,pessoas que dão o seu melhor, eu não duvido disso. Infelizmente não são todos, e os outros gostam do caos.