A empresa alemã Volocopter prometeu na Web Summit que os seus táxis aéreos estarão a operar de forma comercial dentro de dois ou três anos. Em declarações ao ZAP, Alexander Zosel, co-fundador da empresa, disse que o serviço estará disponível para todos – e não apenas para as “pessoas ricas”.
Alexander Zosel, à margem da Web Summit, falou com o ZAP sobre os planos da Volocopter para a revolução dos táxis voadores. Segundo o co-fundador da empresa alemã, a ideia inicial era “passar a tecnologia de um brinquedo pequeno para uma aeronave”. No início, confessa, Zosel “não faziai ideia se iria funcionar”.
Pioneira na nova tecnologia, a Volocopter quer trazer os táxis aéreos para as grandes cidades, criando um novo tipo de transporte público. “Sempre vimos o potencial desta mobilidade nas cidades. Queremos trazer algo para todos, não um brinquedo grande para pessoas grandes nem fazer um helicóptero para pessoas ricas”, diz.
Para isso, a empresa teve de se concentrar em dois fatores importantes: a segurança e o ruído. “Com essa decisão [de trazer os táxis voadores para as cidades], queríamos ter uma aeronave que fosse o mais segura possível. Por outro lado, queremos ir para as cidades e, portanto, temos de ter as soluções mais silenciosas possíveis”, explica.
Zosel reitera que a Volocopter não pretende desenvolver uma aeronave, mas sim “operar sistemas de máquinas voadoras”. “É ter todo um ecossistema de mobilidade”, acrescenta.
O objetivo final é ter um serviço como um serviço de táxis atual, mas no ar. “Precisamos de ter um lugar onde descolar e aterrar. Para isso, no início, precisamos de construir infraestruturas”, diz.
Por outro lado, também será possível aterrar em todas as ruas. “Se o tráfego for totalmente autónomo, pode ser possível aterrar na rua, uma vez que a organização autónoma dos carros poderá dizer: ‘esta estrada está bloqueada durante cinco minutos’, tempo que poderá ser usado para aterrar.
Mas esse é um futuro ainda longínquo, segundo o co-fundador da Volocopter. Para já, a empresa quer fazer com que todos os prédios sejam possíveis lugares de aterragem. Em outubro, a empresa construiu a primeira infraestrutura para a descolagem e aterragem das aeronaves. A plataforma criada em Singapura é exterior.
“Pensamos que a cidade se transformará nos próximos 20 ou 30 anos e haverá muitas mudanças na cidade, não apenas aeroportos para táxis aéreos, mas também estradas diferentes, máquinas a conduzir-se autonomamente na estrada, estrada para scooters. Isso transformará a cidade totalmente. Perante as novas possibilidades de mobilidade elétrica, surgirão muitas novidades”, considera Zosel.
Questionado sobre se os céus estarão cheios de táxis voadores, o co-fundador da Volocopter disse que isso é impossível de alguma vez acontecer. “Se pegarmos nos carros presos no trânsito de Nova Iorque, podemos distribui-los pelo céu. Há imenso espaço. Poderemos voar em cima das casas, não apenas nas ruas”.
Zosel considera que os transportes do futuro estarão distribuídos entre o céu, o chão e a água. Esses transportes estarão todos numa mesma aplicação. “Acho que, no futuro, vamos poder reservar uma viagem do ponto A ao ponto B e escolherá a melhor maneira. Dependendo do que for mais importante – preço ou espaço do tempo, por exemplo -, a aplicação fornecerá formas diferentes. Acho que será assim que nos vamos mover pela cidade no futuro”.
O preço de uma viagem que custaria 40 euros de táxi deverá ter um preço de 60 euros para táxis voadores.
Os táxis da Volocopter já foram testados em diversas cidades, como o Dubai, Singapura e Helsínquia. Para Zosel, estas cidades podem ser uma das primeiras a ter táxis voadores no futuro.
Licença para voar na Alemanha
Zosel relembra que a Volocopter se diferencia das outras companhias que pretendem construir tecnologias semelhantes por ser a pioneira e inventora do conceito. “Começámos numa época em que ninguém pensava nisto. Nos primeiros quatro anos, tivemos de explicar como a tecnologia funciona para poder voar. Mas ninguém pensou em pilotar táxis”, insiste.
A empresa conseguiu o seu primeiro certificado para voar, em 2016, em toda a Alemanha. “Pensamos que é possível. A tecnologia funciona e temos um certificado que nos regula. Já trabalhamos há mais de quatro ou cinco anos neste tipo de mobilidade e já trabalhamos com as autoridades”, diz.
Além disso, disse Zosel, “nós voamos, mostramos o que estamos a fazer, mostramos mais o que estamos a fazer do que o que vamos fazer no futuro. “Se vê táxis voadores a voar em algum lado numa demonstração real, então deve confiar”, afirma.
Novo drone de transporte
No início do mês, a Volocopter anunciou um novo produto: um grande drone para fazer coisas do campo. A tecnologia serve para o transporte de carga e é capaz de transportar até 200 quilogramas de carga.
O VoloDrone, o novo veículo elétrico de descolagem e aterragem vertical (eVTOL), foi projetado para carregar cargas pesadas sem um piloto a bordo. A aeronave tem um design parecido com os aviões de passageiros desenvolvidos pela empresa. No lugar de uma cabine para pessoas, existe uma plataforma retangular e achatada. O veículo pode ser controlado remotamente ou seguir uma rota pré-definida em modo autónomo.
Questionado sobre como a Volocopter vai mudar o mundo, Zosel diz que “o mundo muda todos os dias em pequenas coisas”. Ainda assim, “já mudámos o mundo”, uma vez que a sua ideia pioneira já está a ser desenvolvida por muitas outras empresas.
Zosel conclui, dizendo que a empresa quer oferecer um serviço a um preço acessível a todas as pessoas que moram na cidade. “É a nossa missão e é muito importante para nós”, remata.