Na Alemanha, o aborto é tecnicamente ilegal e há leis que se arrastam desde a era Nazi. Kristina Hänel é a principal figura do movimento para alterar o paradigma.
Avó de cinco e com 63 anos de idade, Kristina Hänel não é propriamente a figura que se esperaria ver liderar um movimento contra as leis anti-aborto na Alemanha. Toca acordeão e monta a cavalo nos seus tempos livres. Médica de profissão, foi multada em 6 mil euros por oferecer serviços de aborto no seu site.
Kristina não se deixou ficar e pretende retaliar e levar o caso até ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. A sua ousadia foi a faísca necessária para as gerações mais jovens de alemães mostrarem interesse nos direitos ao aborto.
A história de Kristina, dada a conhecer pelo OZY, tem feito burburinho na imprensa germânica — e a própria reconhece que nem sempre as coisas foram assim. “Não aparecíamos nos jornais, não éramos políticos”, explicou. Dedicada à saúde sexual feminina durante toda a sua carreira, focou-se mais no aborto conforme se foi tornando num caso mais político.
A alemã acusa as clínicas de aborto se aproveitam do embaraço das mulheres, cobrando preços demasiado altos. Foi aí que sentiu a necessidade de criar um espaço diferente, que fizesse o mesmo procedimento e que não julgasse as mulheres. “Eu era uma espécie de ativista secreta na minha cabeça, mas nunca pensei que isto viesse a acontecer, o que está a acontecer agora”, reconhece.
Aquilo que a move está no sangue que lhe corre nas veias. O seu pai, também ele médico, fez vários abortos ilegais depois da guerra — algo que era ilegal nos anos 50 e punido com pena de morte nos anos 40.
Na Alemanha, o aborto é tecnicamente ilegal, apesar de não haver castigos para quem o faça. Anualmente, são feitos cerca de 100 mil abortos em todo o país. Uma lei do tempo dos nazis estabelece que é ilegal um médico partilhar no seu site que faz serviços de aborto.
Em fevereiro deste ano, este diploma foi revisto e agora os médicos podem divulgar este serviço, mas não podem explicar os métodos que utilizam ou o preço que praticam. Kristina acredita que isto é uma forma de atirar areia para os olhos das mulheres e uma forma de calar o movimento, em vez de procurar uma mudança significativa.
“Eu tenho de mudar a lei. Não eu. Eu não posso fazer isso sozinha, mas temos um grande movimento agora”, realçou. Para esta avó, o que interessa não é a multa, mas sim o princípio.
A sério?! Pensei que o aborto, err perdão, assassínio de bebés, fosse apoiado pelos Nazis!… Afinal também eram pró-vida!… Há aqui qualquer coisa que não bate certo…