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Traficantes estão (literalmente) a vender escravos no Instagram

Vender escravos através da rede social Instagram “é o exemplo por excelência da escravidão moderna”, afirmou uma representante da ONU.

Silicon Valley está a impulsionar o comércio global de escravos e há muitos críticos que defendem a sua responsabilização por facilitar esta prática.

Disfarçados de marido e mulher, uma equipa de jornalistas da BBC News Arabic diz ter sido “perturbadoramente fácil” descobrir que os traficantes de seres humanos usavam a rede social Instagram para vender escravos, assim como outras aplicações populares.

“No Golfo, as mulheres empregadas domésticas estão a ser vendidas online através de aplicações aprovadas e fornecidas pelo Google e pela Apple”, afirmam os investigadores num vídeo divulgado na passada quinta-feira. “É o chamado mercado de escravos online.”

De acordo com o Futurism, os investigadores entraram em contacto e encontraram-se pessoalmente com várias pessoas que anunciam trabalhadores domésticos à venda online – incluindo uma pessoa no Kuwait que se ofereceu para lhes vender “Fatou”, uma menina de apenas 16 anos da Guiné, por 3.800 dólares (cerca de 3.434 euros).

“Este é o exemplo por excelência da escravidão moderna“, afirmou Urmila Bhoola, representante da Organização das Nações Unidas à BBC News Arabic. “Aqui vemos uma criança a ser vendida e comercializada como um imóvel.”

Depois da investigação da BBC, as autoridades do Kuwait “convocaram”, supostamente, várias pessoas por trás das contas das redes sociais que vendiam escravos, segundo uma outra reportagem da BBC News, publicada na sexta-feira. As autoridades disseram ao matutino que forçaram os responsáveis a retirar os anúncios e a assinar um acordo legal no qual prometiam não “participar nesta atividade”.

No entanto, a atualização da BBC não menciona nenhum tipo de punição ou ramificação legal para as vendas, apesar de Nasser al-Mousawi, chefe do Departamento de Trabalhadores Domésticos do Kuwait, ter dito à equipa árabe da BBC News que “qualquer pessoa que lide com este tipo de negócio será punida”.

Por sua vez, o Instagram disse à BBC News que “removeu conteúdo quer do Facebook quer do Instagram, e que impediu a criação de novas contas projetadas para serem usadas no mercado de escravos online”.

Bhoola considera que as medidas tomadas até ao momento não são suficientes. “Google, Apple, Facebook ou qualquer outra empresa que hospeda aplicações como estas, devem ser responsabilizados“, disse. “O que eles estão a fazer é promover um mercado de escravos online.”

Kimberley Motley, advogada norte-americana, assumiu o caso legal de Fatou – que, após a investigação, foi deportada para a Guiné onde uma família local a adotou – e considera que as grandes empresas de tecnologia que facilitaram o tráfico de escravos deveriam fornecer uma compensação monetária aos prejudicados – neste caso, à sua cliente.

ZAP //

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