Os líderes de vários Bancos nacionais manifestaram interesse em aplicar as taxas de juro negativas nos grandes depósitos bancários, cobrando um valor aos depositantes para lhes guardarem o seu dinheiro. Mas o Ministério das Finanças alerta que isso não é possível à luz do actual quadro legislativo.
Depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter decidido prolongar as taxas de juros negativas pelo menos até 2024, várias instituições financeiras se movimentaram no sentido de encontrar soluções para pagar o ónus que isso acarreta para as suas contas.
Vários banqueiros nacionais avançaram não pretender passar esse encargo para as famílias, nem para as PME. Assim, apontam o olho à possibilidade de cobrar taxas aos grandes depositantes institucionais, especialmente aos estrangeiros que optam por deixar o seu dinheiro em Portugal, para fugirem às taxas que são aplicadas nos seus países de origem.
Um cenário que o Governo afasta do horizonte próximo, salientando que “o actual quadro jurídico não permite a cobrança de taxas de juro nos depósitos“, conforme nota enviada pelo Ministério das Finanças ao Eco.
“O Governo não pondera nenhuma alteração legislativa que modifique este quadro”, frisa ainda o gabinete de Mário Centeno, sustentando que “a defesa da estabilidade financeira, a confiança dos aforradores no sistema bancário e na preservação do valor das suas poupanças são princípios fundamentais” que é preciso preservar.
O Banco de Portugal também aponta que “qualquer que seja o modo de determinação da taxa de remuneração de um depósito, esta não pode, em quaisquer circunstâncias, ser negativa”, como cita o Eco.
A nível europeu, vários países estão a reflectir nos grandes clientes institucionais os juros negativos aplicados pelo BCE. É o que acontece em Espanha, com empresas e instituições, mas já se equaciona replicar a cobrança das taxas de juros negativas também nos depósitos de particulares que estejam acima de um milhão de euros.
Os líderes bancários nacionais defendem um modelo homogéneo para toda a Europa, na linha do que acontece com a política monetária.