De acordo com os resultados definitivos, os Verdes (esquerda) tornam-se na quarta força no Conselho nacional (Câmara baixa), à frente do Partido democrata-cristão (PDC, centro) e a um lugar do Partido Liberal-radical (PLR, direita).
Com estes resultados, aspiram em aceder pela primeira vez ao governo, onde todos os grandes partidos partilham os sete lugares de ministros de acordo com a designada fórmula “mágica”, informou a agência Lusa esta segunda-feira.
Após um escrutínio que se assemelha a “uma mudança tectónica (…) devemos poder discutir uma nova fórmula mágica”, declarou a presidente dos Verdes, Regula Ritz. Uma ideia de imediato apoiada pelos socialistas.
No total, os Verdes garantiram 28 lugares (13,2% e mais 17 deputados face às legislativas de 2015), no final de uma campanha muito marcada pela questão das alterações climáticas. Os Vert’libéraux (Verdes liberais, centro, e uma cisão dos Verdes) também aumentaram o seu grupo, passando de nove a 16 lugares (7,8% dos votos).
Os Verdes reclamaram a “realização urgente de uma cimeira nacional para o clima”. E para a Greenpeace “o resultado destas eleições fornece um mandato claro ao parlamento”.
Os apelos da jovem ativista ecologista Greta Thunberg tiveram um eco particular na Suíça, onde numerosas cidades e cantões proclamaram o “estado de emergência climática”, enquanto dezenas de milhares de pessoas participaram nas “greves pelo clima”. Em Berna, no final de setembro, juntaram-se 100 mil pessoas na iniciativa.
Nestas eleições estavam em disputa os 200 assentos no Conselho Nacional (Câmara baixa) e os 46 no Conselho dos Estados (Câmara alta), designados por um sistema maioritário a duas voltas. A data da segunda volta varia consoante os cantões.
Em constante progressão desde a década de 1990, os populistas de direita da União democrática do centro (UCD), cujos cartazes com traços xenófobos provocam polémicas sistemáticas, saíram enfraquecidos do escrutínio ao perderem 12 lugares, com 25,6% dos votos (um total de 54 lugares), contra 29,4% em 2015.
A UDC foi o único partido que denunciou “a histeria climática”, ao argumentarem que “o essencial antes de pretender salvar o planeta é salvar a soberania suíça”.
O Partido socialista (centro-esquerda, 39 lugares), os liberais-radicais (PLR, direita, 29 deputados) e os democratas-cristãos (PDC, centro, 25 assentos) estão todos em recuo eleitoral, informou a Lusa.
Em 11 de dezembro os eleitos da duas Câmaras parlamentares deverão designar os sete ministros do governo, cujas pastas serão repartidas entre os grandes partidos.
Desde 1959, os principais partidos do país – UDC, PS, PLR e PDC – partilham os sete postos ministeriais do governo de acordo com o sistema designado “fórmula mágica”. Atualmente, a UDC, PE e PLR dispõem de dois ministros, e o sétimo ministério está atribuído ao PDC.
Na perspetiva do presidente do Partido socialista, Christian Levrat, “não é razoável que o Conselho federal [governo] esteja neste momento mais à direita que o parlamento”.
Mas pelo facto de os dois partidos ecologistas se posicionarem em espectros políticos opostos, não é provável que se aliem em dezembro durante as eleições dos ministros, indica a agência noticiosa AFP.
Para ser eleito ministro, é necessário contar com o apoio da Câmara alta, onde os Verdes liberais estão ausentes. Os Verdes apenas dispõem de um lugar, uma presença insuficiente para tentar garantir um lugar ministeriável.