“Portugal tem margem” para ter défice em caso de crise

José Sena Goulão / Lusa

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, diz que Portugal pode deixar o défice subir em caso de crise, mas avisa que é preciso cuidado para que a despesa não se torne permanente.

Numa entrevista ao Jornal de Negócios, a propósito do lançamento do livro “O crescimento económico português”, Carlos Costa avisou que Portugal pode deixar o défice subir em caso de crise, mas é preciso cuidado para que a despesa não se torne permanente.

“Tem margem para o fazer, mas tem de ser credível quanto à trajetória futura da dívida em termos de rácio do PIB. Se essa margem for usada de forma que comprometa a sustentabilidade – isto é, não um uso temporário, mas permanente -, se não houver um crescimento do PIB equivalente, gera-se uma preocupação compreensível dos mercados”, explicou.

De acordo com o governador do Banco de Portugal, a política orçamental portuguesa “está muito dependente dos níveis de endividamento público”.

“Temos não só que satisfazer as regras orçamentais da União Europeia, mas sobretudo continuar a ser credíveis do ponto de vista dos mercados, o que significa que é possível que haja alguma capacidade para acomodar os impactos de uma crise económica através do funcionamento dos estabilizadores [automáticos], mas não temos margem para uma política orçamental tão ativa como, por exemplo, a Alemanha”, resumiu.

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