/

“50 sombras” da Idade Média. Páginas censuradas de um livro francês encontradas nos EUA

(dr) Diocese de Worcester

As páginas de um romance medieval foram descobertas nos arquivos da Diocese de Worcester, no estado norte-americano de Massachusetts. 

Investigadores descobriram uma versão perdida de um romance medieval, que contém cenas eróticas. O poema francês – “O Romano da Rosa” – conta a história de um cortesão que corteja uma mulher.

Marianne Ailes, cientista da Universidade de Bristol, no Reino Unido, afirmou que o romance medieval foi um grande sucesso na altura. “Sabemos o quão popular era pelo número de manuscritos e fragmentos sobreviventes e pelo número de alusões ao texto noutros escritos medievais”, explicou, citada pelo Live Science.

O poema começou a ser escrito na década de 1230 por Guilherme de Lorris e foi concluído em 1280 por Jean de Meun. Ao todo, o romance possui 22.000 linhas.

Todas as versões do romance são um pouco diferentes, e a versão encontrada não é exceção. O manuscrito contém uma cena deixada de fora das impressões modernas do poema, em que o narrador usa uma extensa metáfora de um peregrino que se apresenta diante de um relicário religioso para insinuar um encontro sexual.

O narrador descreve a sua bengala, ou bastão, como “rígida e forte” e fala sobre “enfiá-la nessas valas”. Além disso, também se descreve ajoelhado diante da relíquia “cheia de agilidade e vigor, entre os dois belos pilares… consumidos pelo desejo de adorar”.

Os novos fragmentos encontrados no arquivo da diocese de Worcester não estavam em boas condições, já que estavam a ser usados como encadernação de outro livro. De acordo com a investigadora, esta era uma prática muito comum na época, uma vez que o pergaminho era muito caro.

“Assim que vi as páginas, reconheci instantaneamente o nome alegórico de bel accueil e percebi que tínhamos algo muito especial e único nas mãos”, disse.

O escritor medievalista vitoriano FS Ellis recusou-se a traduzir o trecho numa versão inicial que fez em 1900. No entanto, deixou essa parte como um apêndice em linguagem original, com a justificação de que as pessoas leriam e entenderiam o porquê de o deixar “na obscuridade do original”.

“O romance estava no centro de uma discussão entre intelectuais medievais sobre o status das mulheres. Há a possibilidade de estas páginas em específico teren sido retiradas das suas encadernações originais por alguém que se ofendeu com essas passagens”, concluiu Marianne Ailes.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.