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Especial ZAP | O Aliança não é um “partido de cartazes bonitos”, é uma mescla de experiência e caras novas

O Aliança de Santana Lopes não é um partido de “cartazes bonitos”, assumido-se antes como uma “mescla” de experiência e caras novas. Em entrevista ao ZAP, Bruno Ferreira Costa, cabeça de lista no Porto, garante que o partido trabalha para conseguir lugar no Parlamento, fazendo ainda uma avaliação negativa aos quatro anos de legislatura do Governo liderado por António Costa.

Criado em outubro de 2018, o “recém-nascido” Aliança parte para as eleições de domingo com três grandes bandeiras hasteadas: combate à pobreza e à exclusão social, crescimento económico e coesão territorial. Ao ZAP, Bruno Ferreira Costa explicou que estas bandeiras se traduzem em várias propostas no programa eleitoral do Aliança.

No que respeita à exclusão social e ao combate à pobreza, o Aliança propõe medicamentos gratuitos para maiores de 65 anos que vivem com um valor abaixo do salário mínimo, bem como um seguro de saúde para todos os portugueses; no campo do crescimento económico, o partido pretende um “sistema fiscal mais estável e atrativo“, que liberte empresas e famílias da atual “asfixia fiscal”; por último, e no âmbito da coesão territorial, Bruno Ferreira Costa destaca a a abolição e isenção de portagens nas ex-SCUTs para residentes e empresas fixadas nesses territórios.

Fazendo um balanço negativo do Governo nos últimos quatro anos de legislatura, Bruno Ferreira Costa aponta o dedo ao Executivo liderado por António Costa no serviços públicos, no crescimento económico e nas “guerras abertas” com algumas classes.

“Uma avaliação negativa que incide em primeiro lugar pelo estado em que os serviços públicos são deixados, nomeadamente o Serviço Nacional de Saúde e a demora no acesso a consultas de especialidade em diversas unidades hospitalares (…) Destacamos também os quatro anos perdidos ao nível do crescimento económico, quando comparamos principalmente com os países que entraram em 2004 na UE, os países do leste europeu, e que crescem a 4/5% e que de facto já nos ultrapassaram. Aquilo que nos temos é que de facto o pais está a ser ano após ano ultrapassado ao nível do crescimento, ao nível da competitividade, ou seja essa é uma marca também negativa deste Executivo”.

Por último, apontou, “a guerra aberta que o Governo fez a um conjunto de classes profissionais: professores, médicos, enfermeiros, forças de segurança, foram considerados quase como inimigos do estado”, acrescentou, afirmando que estes conflitos “tem obviamente reflexos nos valores da emigração nestes setores”.

Falta de oposição ao Governo e os “cartazes bonitos”

O candidato não duvida que faltou oposição ao Governo, recordando ainda que o Executivo contou com os partidos de esquerda para fazer aprovar Orçamentos de Estado.

“O facto de este deste Governo beneficiar de uma conjuntura nacional única, que foi de facto os partidos de extrema-esquerda apoiarem o Governo e aprovarem os quatro orçamentos (…) Mas faltou também uma oposição mais consistente, mais séria, demonstrando que há uma alternativa, uma alternativa focada naquilo que é a valorização do mérito, do trabalho, do crescimento económico, uma valorização daquilo que é a iniciativa privada, uma valorização daquilo que é o Portugal como um todo e não Portugal centralizado, muito focado nas grandes metrópoles e portanto não houve essa voz ativa”.

E é aqui que o Aliança, que se afirma como uma “mescla” de caras novas e experiência, considera que pode ser parte da solução: “Consideramos que poderemos ser essa voz e que seremos essa voz na próxima legislatura”.

Bruno Ferreira Costa diz também que o que distingue o Aliança das demais forças partidárias é a “seriedade em fazer política”, um elemento fundamental, segundo o candidato. “Não somos especializados em cartazes bonitos, em jogos de humor, nós, de facto, focamo-nos em propostas, propostas que possam resolver e dar resposta aos problemas dos portugueses”, assegurou.

Para domingo, o Aliança espera eleger um grupo parlamentar para, a partir daí, conseguir cumprir os seus objetivos. “Acreditamos que de facto vamos eleger esse grupo parlamentar. Os círculos eleitorais onde é mais provável a eleição fruto da estrutura do próximo sistema político eleitoral: Lisboa, porto, Setúbal, Braga”, enumerou.

“Independentemente dos resultados, a Aliança nasceu, e nasceu para afirmar uma alternativa e essa alternativa será assinalada, independentemente dos resultados”.

O candidato deixou ainda um apelo à participação eleitoral, para que os “portugueses não permitam que outros decidam por si”. “De facto, o voto em branco, o voto nulo ou a abstenção significa tão só anular a nossa voz. Aquilo que dizemos aos portugueses é que se querem ter voz na Assembleia da República o voto útil é o voto no Aliança”.

Nas europeias de maio, o Aliança, que trouxe Pedro Santana Lopes, líder e fundador do partido, de volta à vida política, conseguiu 1,86% dos votos, atrás do PAN (5,83%), não conseguindo eleger nenhum deputado para o Parlamento Europeu.

Filipa Mesquita, Maria Campos, Sara Alves / ZAP //

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