A transição de animais terrestres para animais marinhos foi algo que demorou milhões de anos. Dezenas de genes “perdidos” ajudaram à adaptação destes animais.
Há dezenas de milhões de anos atrás, cetáceos como os golfinhos caminhavam sobre a Terra, mas acabaram por se tornar criaturas marinhas. Esta transição, com intensas mudanças corporais, está escrita no seu ADN, de acordo com um novo estudo publicado esta semana na revista Science Advances.
Quando os ancestrais dos cetáceos modernos se separaram dos ancestrais dos hipopótamos, 85 diferentes genes foram desativados, dos quais 62 ainda não eram conhecidos entre a comunidade científica. A equipa de investigadores apurou que estes eram os genes cruciais para manter a vida terrestre, como sarar feridas e produzir saliva.
Estes animais deixaram de produzir saliva, já que não precisam dela, uma vez que ingerem grandes quantidades de água com as suas refeições. O gene responsável pela coagulação do sangue também “desapareceu”, evitando coágulos quando os golfinhos mergulham e voltam à superfície.
“Para armazenar e conservar oxigénio com eficiência para um mergulho prolongado, os cetáceos desenvolveram uma variedade de adaptações“, lê-se no estudo liderado por Michael Hiller, do Instituto Max Planck, na Alemanha.
Os golfinhos mostraram-se decididos em tornar-se animais marinhos e, como tal, com o passar dos anos foram fazendo alterações genéticas que facilitaram a sua adaptação: maior armazenamento de oxigénio e costelas flexíveis que permitem aos pulmões colapsar. Segundo a Inverse, esta última modificação permite aos golfinhos mergulhar em grandes profundidades.
“De maneira geral, o nosso estudo destaca mudanças genómicas importantes que ocorreram durante a transição da terra para a água na linhagem de cetáceos e, assim, ajudam a entender as determinantes moleculares das suas notáveis adaptações“, escreveram os investigadores.
Isto mostra que a transição da terra para a água de cetáceos como golfinhos e baleias não aconteceu de um momento para o outro e é resultado de milhões de anos de evolução. São também resultado da sobrevivência, mutação, reprodução sexual e todos os fatores ambientais que a influenciam.