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Primeiros humanos talhavam elefantes com ferramenta de 5 centímetros

Ran Barkai / Tel Aviv University

Retirar o máximo de carne possível de uma carcaça era algo importante há milhares de anos atrás. Para um melhor aproveitamento, eram usadas lâminas de apenas cinco centímetros, que os arqueólogos ignoraram até agora.

Normalmente, ao pensar em ferramentas de corte usadas por antigos humanos, somos remetidos para grandes ferramentas como machados e cutelos. Contudo, um estudo recentemente publicado na revista Scientific Reports, mostra que os primeiros humanos tinham um kit de talhante sofisticado. As pequenas ferramentas de sílex descobertas era recicladas a partir de instrumentados maiores que eram descartados.

As ferramentas foram encontradas no sítio arqueológico de Revadim, no sul de Israel, e pertencem à cultura acheuliana do paleolítico inferior. Os cientistas estimam que estas tenham entre 300 e 500 mil anos. No passado, já tinham sido encontrados vários machados e restos de elefantes em Revadim.

“A análise incluiu observações microscópicas do desgaste do uso, bem como resíduos orgânicos e inorgânicos. Estávamos à procura de sinais de danos nas bordas, polimentos e resíduos orgânicos presos nas depressões das pequenas lâminas de sílex, tudo para entender para o quê que eram usadas”, disse a arqueóloga responsável pelo estudo, Flavia Venditti, citada pelo Phys.

Ran Barkai, outro dos cientistas envolvidos no estudo, explica ainda que durante décadas os arqueólogos ignoraram estas pequenas lâminas de apenas cinco centímetros. “O ênfase estava nos grandes e elaborados machados e outras ferramentas de pedra”, explicou. “No entanto, agora temos provas sólidas do uso vital destas lâminas”.

A cultura acheuliana era conhecida por as ferramentas grandes mencionadas pelos arqueólogos, que eram usadas principalmente para talhar grandes animais. Contudo, segundo o estudo, estas pequenas lâminas eram usadas em processos que exigiam um corte mais preciso, como separação de tendões, remoção do periósteo para retirar a medula óssea.

“Os humanos antigos dependiam da carne e, especialmente, da gordura dos animais para a sua existência e bem-estar. Portanto, um talhamento de qualidade dos grandes animais e a extração de todas as calorias possíveis eram de uma crucial importância para eles“, realçou Barkai.

Isto mostra que os primeiros humanos eram mais avançados do que aquilo que se pensava. “As minúsculas lâminas agiam como instrumentos cirúrgicos criados e usados para o corte delicado de partes exatas das carcaças de elefantes e de outros animais”, acrescentou o arqueólogo.

ZAP //

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