Interferência dos EUA nos assuntos de Hong Kong é “extremamente inapropriada”

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worldeconomicforum / Flickr

A chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam

A líder do Governo de Hong Kong afirma que a interferência dos Estados Unidos nos assuntos internos é “extremamente inapropriada” e que qualquer ingerência ameaça os interesses económicos que ambos partilham.

“É extremamente inapropriado um país interferir nos assuntos de Hong Kong”, afirmou Carrie Lam, em conferência de imprensa no Conselho Legislativo (Parlamento), antes da reunião semanal com o seu conselho executivo.

“Espero que ninguém em Hong Kong se mobilize para pedir aos EUA que adotem essa lei”, acrescentou, referindo-se às centenas de milhares de manifestantes que se instalaram, no domingo, à frente do consulado norte-americano na cidade para apelarem ao Congresso a aprovação de uma lei que exige que Washington certifique anualmente que a cidade asiática permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental.

Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos.

Mais de mil empresas norte-americanas estão em Hong Kong e desfrutam de benefícios do “relacionamento bilateral positivo”, afirmou Carrie Lam. “Quaisquer acordos que temos, ou quaisquer disposições específicas aplicadas a Hong Kong, dos norte-americanos, não são exclusivamente para o benefício de Hong Kong”, reiterou.

Outros dos aspetos da proposta de lei é a possibilidade de congelar ativos nos EUA e a proibição de entrar no país aos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.

Esta lei foi proposta pela primeira vez em 2015 e retomada a 13 de junho pelo senador republicano Marco Rubio e pelo congressista democrata Jim McGovern, para reafirmar que os EUA continuam “comprometidos com a democracia, com os direitos humanos (…) no momento em que estas liberdades e autonomia em Hong Kong estão a ser corridas”.

Na segunda-feira, milhares de estudantes formaram um cordão humano em várias escolas de Hong Kong em solidariedade para com os manifestantes pró-democracia, depois de mais um fim-de-semana marcado por violentos confrontos.

O Governo de Hong Kong anunciou na semana passada a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde junho.

Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”. Tal como acontece com Macau, para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.

// Lusa

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1 Comment

  1. Também é extremamente inapropriado os EUA se imiscuirem nos assuntos internos do Iraque, Líbia, Síria e Venezuela… Mas fazem-no. Por isso agora Hong-Kong… Não se admirem.

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