O Papa Francisco apontou em Maputo, esta quinta-feira, Eusébio da Silva Ferreira e Lurdes Mutola como exemplos de perseverança e luta contra a resignação perante as dificuldades.
“Sei que a maioria de vós gostam muito de futebol, verdade? Recordo um grande jogador de futebol destas terras, que aprendeu a não ser resignado: Eusébio da Silva, o ‘pantera negra'”, disse o Papa Francisco, falando num encontro com jovens de várias confissões religiosas em Maputo.
O desporto ilustrou parte da sua intervenção, encabeçada por Eusébio, o histórico jogador do Benfica, que morreu em 2014. “Começou a sua vida desportiva num clube desta cidade, as dificuldades económicas da sua família e a morte prematura do seu pai, não impediram os seus sonhos e a sua paixão pelo futebol fê-lo preservar, sonhar e continuar adiante, chegando a marcar 77 golos por este clube de Maxaquene [ex-Sporting de Lourenço Marques]”, continuou.
“Mas sozinho Eusébio não teria conquistado os seus sonhos, porque futebol é uma modalidade coletiva, que deve inspirar a juventude pelo seu exemplo de solidariedade em campo”, afirmou ainda o líder da Igreja Católica.
O Papa assinalou que Lurdes Mutola, ex-campeã olímpica e mundial dos 800 metros em atletismo, é outro exemplo para os jovens moçambicanos pela sua tenacidade e determinação. “Tendes diante dos olhos aquele belo testemunho dado por Mutola, que aprendeu a perseverar, a continuar a tentar, a pensar em cumprir o sonho de uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos”, afirmou.
Apesar dos vários títulos mundiais que conquistou, prosseguiu, Mutola não esqueceu a sua origem e o seu país, envolvendo-se em ações humanitárias, nomeadamente a ajuda a novos talentos no atletismo.
Francisco assinalou o percurso de Mutola como exemplo de luta contra a insegurança e de crença nos sonhos. “É preciso não se deixar bloquear pela insegurança, não se deve ter medo de arriscar e cometer erros, é normal, as coisas mais belas formam-se com o tempo”, exortou o chefe da Igreja Católica.
O Papa Francisco cumpriu esta quinta-feira o primeiro de dois dias da visita a Moçambique, no âmbito de um périplo por África, que o levará também a Madagáscar e às ilhas Maurícias. Francisco é o segundo chefe máximo da Igreja Católica a deslocar-se a Moçambique, depois de João Paulo II ter visitado o país em 1988.
// Lusa