A primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon quer travar suspensão do Parlamento britânico pedida por Boris Johnson e aceite pela rainha Isabel II.
Nicola Sturgeon afirma que, se a suspensão do Parlamento britânico não for travada, “hoje é o dia em que a democracia morreu” no Reino Unido. Para a primeira-ministra escocesa, fechar o Parlamento para forçar um Brexit sem acordo, não é democracia, é ditadura.
“Se na próxima semana os deputados não se juntarem para travar Boris Johnson, acho que hoje é o dia em que a democracia morreu no Reino Unido. Isso não pode acontecer”, disse Sturgeon, à BBC, citada pela Renascença.
No entanto, em declarações ao jornal Heart Scotland News, a primeira-ministra foi mais longe e referiu que, no atual quadro, este “pode muito bem ser o dia em que a independência da Escócia se tornou completamente inevitável”.
“Penso que o apoio à independência está a crescer a cada dia que passa. Respeito as pessoas que votaram ‘Não’ [no referendo à independência de 2014], apesar de não concordar com elas, respeito as suas legítimas razões, mas sei que muitas estão agora a olhar para a situação no Reino Unido e a pensar ‘Não queremos fazer parte deste tipo de sistema’”, afirmou.
Esta quarta-feira à tarde, a rainha Isabel II aprovou o pedido de Boris Jonhson para suspender o Parlamento. “É neste dia ordenado por Sua Majestade no Conselho que o Parlamento seja prorrogado num dia não antes de 9 de setembro e até quinta-feira, 12 de setembro de 2019, até 14 de outubro de 2019”, anuncia o comunicado.
A nota confirma assim que o Parlamento pode ser suspenso a partir do dia 9 de setembro. Com esta suspensão, os deputados dificilmente terão tempo para aprovar leis que visem impedir o primeiro-ministro de consumar a saída do Reino Unido da União Europeia a 31 de outubro, data prevista para o Brexit.
Contudo, Boris Johnson recusa que o seu pedido tenha esse objetivo. “Os deputados terão muito tempo para debater” o Brexit.
Mas para Sturgeon, a justificação de que a suspensão do Parlamento é um procedimento normal é “absurda” e uma forma insultuosa de Johnson impedir novos debates sobre o Brexit no Parlamento e um possível bloqueio por parte dos deputados a uma saída sem acordo.