Meio milénio depois, o Pros, um veleiro de dois mastros e 21 metros de comprimento, zarpou de Sevilha, com destino a Cádis, a mesma primeira paragem que a frota de cinco navios comandada por Fernão de Magalhães fez na sua histórica viagem, há 500 anos.
Com uma tripulação de 140 pessoas, que vão revezar-se em grupos de sete ou oito a bordo durante os próximos três anos e 22 dias, o Pros ainda tem de percorrer mais 44 mil milhas náuticas à volta do mundo e regressar a Sevilha.
A viagem, que está integrada nas comemorações dos 500 anos da primeira viagem de circum-navegação e é organizada pela associação Amigos de los Grandes Navegantes e Exploradores Españoles (AGNYEE), que é também a proprietária do Pros, vai desenrolar-se por 21 etapas e terá um cunho científico.
A tripulação vai recolher amostras de água que servirão depois para estudar a contaminação pelos microplásticos, pelos investigadores do Instituto Español de Oceanografia.
A viagem comemorativa começou a ser preparada em junho de 2017. No ano passado, a AGNYEE lançou um anúncio a pedir voluntários para integrar a tripulação e selecionou 140, de todas as idades e profissões, que fizeram treinos para a travessia.
A viagem de circum-navegação será idêntica na rota e nos locais de escala, mas será também muito diferente e muito mais segura. Ao contrário dos navios de Magalhães, o Pros está equipado com todas as tecnologias modernas de navegação, incluindo computadores e softwares de navegação, radar, sonar, rádio e telecomunicações.
Também os mantimentos de hoje são muito diferentes. Enquanto os 239 tripulantes das naus espanholas comandadas pelo navegador português viveram à base de sardinhas salgadas, biscoitos secos e leite, que era fornecido por sete vacas que também seguiram viagem, a tripulação do Pros terá mais variedade à escolha, incluindo arroz e massas, almôndegas de lata, enchidos e fruta, água, vinho e cerveja, segundo o jornal estanhol El País.
Outra grande diferença é a própria composição da tripulação. Desta vez haverá a bordo engenheiros, carpinteiros e informáticos, bombeiros, militares e muitos outros de profissões e perfis diversos, dos quais 20% são mulheres, algo que há 500 anos era impossível. O mais jovem de todos é uma rapariga de 18 anos. O mais velho, um homem de 70 anos.