O ministro do Interior de Itália e líder da Liga, Matteo Salvini, ameaçou fazer cair o governo e voltou a pedir novas eleições legislativas. “É inútil continuar com litígios”, disse.
Matteo Salvini ameaçou esta quinta-feira com eleições antecipadas se persistirem as diferenças e tensões com o parceiro de coligação, o Movimento 5 Estrelas. A Liga emitiu hoje um comunicado em que afirma constatar “desde há algum tempo, em temas fundamentais, visões diferentes” do parceiro de coligação.
Sob o perigo de colapso do Governo, o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, e o presidente, Sergio Mattarella, reuniram-se esta quinta-feira para discutir a situação política do país. O conteúdo da conversa não foi revelado por nenhuma das partes. No entanto, sabe-se que as constantes divergências levaram a um aumento de tensões.
O partido de Salvini exemplifica com posições diferentes em relação a “grandes obras, infraestruturas, desenvolvimento económico, redução fiscal, aplicação das autonomias, energia, reforma da justiça e relação com a União Europeia”.
O mais recente conflito entre os dois partidos do governo foi a propósito da linha de comboio de alta velocidade entre Turim e a cidade francesa de Lyon, numa votação realizada na quarta-feira no parlamento.
O Movimento 5 Estrelas (M5S), liderado por Luigi di Maio, sempre se opôs à construção da linha e apresentou esta semana no hemiciclo uma moção para avaliar a melhor forma de romper o tratado assinado com França e assim travar a construção.
“É inútil continuar com litígios. Uma remodelação não serve de nada, a única alternativa a este Governo são novas eleições”, afirmou Salvini, citado pelo jornal Público.
O líder de extrema-direita insiste continuamente nas eleições, já que sondagens recentes apontam para uma possível vitória do seu partido, com 38% das intenções de voto. Já o Movimento 5 Estrelas ronda os 17%, enquanto o Partido Democrata paira os 22%.
Segundo a Reuters, Salvini quer ainda trocar alguns ministros do Governo, incluindo o ministro das Finanças, Giovanni Tria. Isto porque o ministro é assumidamente contra a política fiscal expansionista de Salvini.
Nas eleições europeias de maio passado, no entanto, a Liga passou a partido mais votado de Itália, com perto de 35% dos votos, e o M5S caiu para o terceiro lugar, atrás dos socialistas do Partido Democrático, com 17% dos votos.
ZAP // Lusa