A justiça russa congelou hoje as contas da organização e de colaboradores do principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, alvo de uma investigação por “lavagem de dinheiro” através de um fundo de luta contra corrupção.
“O tribunal ordenou o congelamento das contas do Fundo Anticorrupção e de alguns dos seus colaboradores”, anunciou o porta-voz da oposição, Kira Iarmych, no Twitter, acrescentando que as contas bancárias da equipa de Navalny também foram bloqueadas, embora nenhum deles “figure neste caso” judicial.
O Comité de Inquérito russo anunciou no sábado a abertura de um processo judicial por “lavagem de dinheiro” contra a organização de Alexei Navalny, acusado de receber ilegalmente cerca de mil milhões de rublos (13,6 milhões de euros). Também as casas de vários colaboradores de Navalny foram hoje alvo de buscas.
O fundo de luta contra corrupção, gerido por Navalny, está na origem de vários inquéritos sobre a vida faustosa e a corrupção de membros da elite russa.
Ignorado pelos meios de comunicação social públicos, Navalny é muito comentado nas redes sociais, onde as suas publicações contabilizam sempre muitas partilhas. Uma das publicações, que acusa o primeiro-ministro, Dmitry Medvedev, de estar à frente de um império imobiliário, totalizou 31,5 milhões de visualizações no YouTube.
Na sua última investigação, divulgada na semana passada, a organização de Navalny acusa a vice-presidente da câmara de Moscovo, Natalia Sergounina, de desviar milhões de rublos de dinheiro público da administração do parque imobiliário da cidade.
O caso surge numa altura em que as autoridades russas enfrentam um dos maiores movimentos de protesto desde o regresso de Vladimir Putin ao Kremlin, em 2012.
Duas manifestações não autorizadas para exigir eleições livres em Moscovo levaram a 1.400 detenções num caso e 1.000 noutro. Quase todas as figuras da oposição foram condenadas a penas de prisão curtas por terem apelado a manifestações.
Alexei Navalny também está a cumprir uma pena de 30 dias de prisão, tendo sido hospitalizado no final de julho por uma “reação alérgica grave” que o seu advogado acusou de ser envenenamento.
// Lusa