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Morte de recém-nascido no Amadora-Sintra já levou à abertura de três inquéritos

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O Ministério Público determinou esta quarta-feira a abertura de um inquérito às circunstâncias da morte do recém-nascido da grávida que foi transferida do Algarve para o hospital Amadora-Sintra.

“O Ministério Público da comarca de Lisboa Oeste determinou a abertura de inquérito”, respondeu à agência Lusa a Procuradoria-geral da República (PGR).

Em causa está o caso de uma grávida com 32 semanas de gestação que foi transferida em 2 de agosto do Hospital de Faro para o Amadora-Sintra, porque a unidade de neonatologia algarvia se encontrava lotada.

A jovem acabou por ser transferida para o Hospital Amadora-Sintra, em Lisboa, nessa mesma sexta-feira porque todas as 10 incubadoras de Faro estavam ocupadas. Na manhã do dia seguinte, a 3 de agosto, o bebé nasceu através de uma cesariana, tendo acabado por morrer três horas após o parto, segundo apurou o jornal Público.

Também as duas unidades de saúde – o hospital de Faro e o Amadora-Sintra – já decidiram avançar com a abertura de inquéritos para averiguar o caso do recém-nascido.

O hospital Amadora-Sintra tinha já dito que, após uma “averiguação sumária”, se concluiu que a grávida foi “prontamente assistida”, tendo-lhe sido “dispensados todos os cuidados de saúde necessários, segundo as boas práticas clínicas”.

Em declarações à Lusa, fonte oficial do Ministério da Saúde disse que continua a “acompanhar a situação junto dos hospitais, aguardando os resultados das diligências de averiguação em curso”. Também o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, pediu que seja “investigado totalmente” o caso do recém-nascido.

O bastonário entende que, caso a transferência da grávida se tenha ficado a dever a falta de meios no Algarve para fazer o parto, “o Ministério da Saúde terá uma responsabilidade sobre isso”. Miguel Guimarães sublinha que a insuficiência de meios humanos nas maternidades do sul do país, incluindo a região de Lisboa, foi “várias vezes denunciada” pela Ordem e entende que a constante “circulação de grávidas por falta de condições adequadas” dos serviços pode trazer riscos e ter “consequências indesejadas”.

Fontes ligadas ao caso confirmaram ainda à Lusa que a grávida apresentava um quadro de pré-eclâmpsia, que se traduz em hipertensão na gravidez, e de descolamento da placenta.

Em declarações ao semanário Expresso, o presidente do colégio de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos, João Bernardes, diz não saber “era possível o bebé ter sobrevivido (…) Só após o inquérito podemos responder a essa questão”.

“A informação que tenho é que o bebé foi transferido in utero, ou seja, dentro do abdómen materno, que é a melhor das práticas porque a melhor incubadora é sempre o ventre materno. Tinham vaga no hospital onde foram recebidos”, adiantou.

O médico recordou ainda que a taxa de sobrevivência depende da prematuridade do bebé. “Uma vez feito o parto, e se tudo correr de acordo com o considerado normal e se o bebé tiver os cuidados neonatais necessários, a taxa de sobrevivência é bastante boa mas não é 100%. Uma vez mais, depende do tipo de prematuridade”, disse ainda.

ZAP //

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3 Comments

  1. Continuo a achar que este governo foi aquele que mais desprezou a vida humana desde o 25 de abril. Veja-se os casos dos incêndios e agora o problema das maternidades e de todo o SNS em geral.
    Este governo seja pela incompetência, seja pela cativação, seja ainda por nomear profundos incompetentes para cargos de chefia é responsável por tudo isto.

    • Só gostava de saber porque é que a rapariga grávida de risco não foi para Beja ou Évora, que sempre é mais perto que Lisboa, mas, se calhar estes dois hospitais também não têm maternidades à altura. Este desgoverno acabou com o nosso SNS. São uns tristes…quem se trama é quem precisa do SNS, como se tem visto e continuamos a ver. Este casal, com um bebé morto por incúria do SNS, alguma vez vai perdoar este desgoverno? Acho que nunca.

  2. Se isto é assim agora com um abaixamento de nascimentos considerável, o que seria caso os níveis de natalidade de a alguns anos atrás se mantivessem actualmente? Entre propaganda e realidade ainda vai uma distância enorme!.

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