Mães e grávidas venezuelanas refugiadas no estado do Roraima, no Brasil, denunciam assédio de brasileiros e de indivíduos de outras nacionalidades para comprar os seus filhos. O valor oferecido vai de 200 a 6000 reais, ou seja, de cerca de 50 a 1500 euros.
Os casos, que já são do conhecimento da Organização Internacional de Migrações e vêm sendo investigados pelo ministério público e pela polícia federal, são puníveis com quatro anos de prisão segundo a lei brasileira, informou na quinta-feira a TSF.
Numa extensa reportagem da Globo, mães e futuras mães venezuelanas relataram as suas situações. Uma delas, de 25 anos, afirmou que uma brasileira a abordou num supermercado e ofereceu 1500 euros pela sua filha, argumentando que, assim, ela poderia alimentar os outros filhos.
Outra mulher, de 35 anos, contou que a sua filha, que transportava no colo o seu irmão ainda bebé, foi abordada por quatro homens, entre os quais um venezuelano, que lhe ofereceram o equivalente a 50 euros pelo menino. Perante a recusa, aumentaram a oferta para cerca de 175. Devido ao assédio, a mulher e a filha resolveram fugir do local.
Uma mulher de 44 anos, que pedia ajuda à porta de uma farmácia, viu um carro parar e de lá sair um casal a oferecer cerca de 500 euros pela neta que carregava no colo.
Já em 2018, um homem natural do Bangladesh e uma mulher brasileira foram presos a tentar registar em cartório a filha de uma venezuelana por quem tinham pago 50 euros.
“Muitas grávidas em situação de extrema vulnerabilidade a pedir nos semáforos e na rua aceitam esses negócios”, disse Camila Asano, da Conectas, organização não governamental de direitos humanos.
Estima-se que 32 mil venezuelanos vivam na região de Boa Vista, capital do Roraima, em virtude da crise económica e humanitária no país sob o regime de Nicolás Maduro.