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Na fronteira entre o México e os EUA, construiu-se um baloiço para unir o que o muro separa

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(dr) Ronald Rael / Instagram

Há um baloiço “sobe e desce” na fronteira dos Estados Unidos com o México. As crianças sentam-se para brincar umas com as outras, mas quando fazem força no chão para elevarem o baloiço, os seus pés estão a tocar o solo de dois países.

O baloiço foi instalado no domingo, entre a separação de vigas de metal que divide Sunland Park, no Novo México, e Colonia Anapra, uma comunidade na parte oeste de Cuidad Juárez, no México.

Para que a ideia resultasse, Ronald Rael, um dos arquitetos que liderou o projeto, teve de pedir aos seus voluntários que fizessem deslizar as enormes traves de aço cor-de-rosa pelas aberturas na fronteira, a que se seguiu a instalação de dois bancos, um em cada ponta da trave, para que as crianças pudessem, com o seu peso, lançar e serem lançados no ar pelos vizinhos do outro lado da fronteira.

“Toda a gente estava muito feliz quando os baloiços chegaram”, disse Rael à rádio pública norte-americana NPR. O projeto esteve em preparação mais de dez anos e, apesar dos nervos, Rael disse que tudo correu sem incidentes: “Os agentes de patrulha fronteiriça nos Estados Unidos não viram problema no projeto, os militares mexicanos também não”.

A ideia de Rael, que desenvolveu o projeto com a sua colega no estúdio de arquitetura Virginia San Fratello, era mostrar que tudo o que acontece de um lado se reflete do outro. “Durante a experiência, crianças e adultos estiveram ligados de diversas formas, com a perfeita consciência de que o que acontece de uma lado tem uma consequência direta no outro”, disseram à NPR.

Um evento cheio de alegria, animação e união na fronteira. O muro mudou literalmente o ponto de sustentação para as relações dos EUA com o México e miúdos e adultos foram ligados de forma significante em ambos os lados com o reconhecimento de que as ações que acontecem num lugar devem ter consequências diretas do outro. Incríveis ‘obrigados’ a todos que fizeram esse evento possível”, escreveu Rael no Instagram.

O projeto está no papel desde 2009 mas Rael e San Frantello consideraram que não podiam esperar mais para o materializar. O projeto foi retomado em 2016, numa parceria entre Rael e Virginia San Fratello, e integrou uma exposição no MoMa (Museum of Modern Art) de Nova Iorque, que abordava a crise dos refugiados.

“Estamos a atravessar uma fase extremamente importante, as relações entre as pessoas em ambos os lados estão a ser cortadas pelo muro e pela política que defende o muro”.

O projeto “Teetertotter Wall” concretiza-se dias depois de o Supremo Tribunal dos Estados Unidos revelar que o governo de Donald Trump pode gastar 2,5 mil milhões de dólares do orçamento militar para construir o muro entre os dois países.

ZAP //

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