Uma cidade no Canadá decidiu substituir os transportes públicos por uma parceria com Uber. Contudo, os especialistas estão preocupados com as consequências ambientais e económicas desta medida.
Em 2017, a cidade de Innisfil, em Ontário, no Canadá, decidiu substituir os transportes públicos por carros da Uber. Em vez dos autocarros e comboios percorrerem rotas regulares, são os carros da Uber que funcionam como frota.
Quando um passageiro abre a aplicação, a opção Trânsito de Innisfil surge como a opção mais barata para viajar entre uma rede de locais populares conhecidas como “hubs”. Entre elas estão bibliotecas, o centro de recreação e edifícios municipais.
Apesar de os custos variarem, em média, para viajar entre essas zonas gasta-se cerca de cinco dólares (3,40 euros) por percurso – o resto é, de acordo com o The Guardian, subsidiado pelo estado. As viagens para fora destas áreas são mais caras, mas recebem um desconto fixo de seis dólares.
Dois anos depois, as autoridades de Innisfil consideram que o projeto foi um sucesso, porque as pessoas aderiram rapidamente a este serviço. Em 2018 houve 85.943 viagens. Contudo, há quem esteja preocupado com a sustentabilidade económica e ambiental do projeto.
A cidade já gastou mais com a Uber do que com os transportes públicos tradicionais e aumentou drasticamente o número de carros nas estradas, algo com implicações na qualidade do ar e para a crise climática.
Um estudo publicado na revista Science Advances concluiu que a Uber e a Lyft são os maiores responsáveis pelo trânsito na cidade de São Francisco, nos EUA. Entre 2010 e 2016, o congestionamento nas estradas da cidade aumentou 62%.
Os especialistas estão preocupados com a possibilidade de Innisfil se tornar num exemplo para outras cidades, e com a hipótese da Uber, além de contribuir para que menos pessoas optem pelos transportes públicos, queira mesmo substituir, definitivamente, estes meios de transporte. Desde que a Uber chegou a São Francisco, em 2010, a utilização de autocarros diminuiu cerca de 12%.
Segundo Jarrett Walker, um especialista em transportes, o acordo entre a cidade canadiana e a Uber, não é nada senão um “sistema de táxis mais rápido e abundante. É tudo aquilo de que se trata”. A “ideia de que a Uber tem qualquer coisa útil para oferecer aos transportes públicos é absurda”.
Já em Londres e Denver, a empresa americana começou a investir nos transportes coletivos. Nessas cidades, através da aplicação da Uber já é possível aceder às opções de transporte público na cidade e a uma estimativa do preço final do percurso.
A medida foi tomada com o objetivo de transformar a app numa “plataforma única de transportes”. Nos registos regulamentares, publicados antes da oferta pública inicial de maio, a Uber afirma que acredita conseguir “melhorar a forma como as cidades abordam o desenvolvimento”, à medida que substituí “a posse e utilização de veículos particulares”.
Devido à existência de várias zonas da cidade onde a logística dos serviços de transportes públicos era bastante complexa, Innisfil decidiu investir nesta parceria. A cidade precisava de transporte público, explica Paul Pentikainen, responsável pelo planeamento urbano de Innisfil. A única proposta em cima da mesa eram três rotas de autocarro que custariam quase um milhão de dólares.
Por isso, decidiram “conectar todos os motoristas da cidade com aqueles que precisam de boleias” e, como a Uber já oferecia esse serviço, fazer um acordo com a empresa “parecia fazer todo o sentido”, conta.
Tanto os cidadãos como os motoristas estão satisfeitos, mas o sucesso da iniciativa não é necessariamente uma boa notícia para os cofres da cidade. Uma vez que o estado subsidia cada viagens, quanto mais viagens forem feitas, mais caro fica.
Em 2019, prevê-se que os custos cheguem a 1,2 milhões de dólares (820 mil euros), bastante mais do que as rotas de autocarro teriam custado, e que o orçamento de 900 mil dólares da cidade. Com o aumento gradual do número de passageiros, os custos só aumentarão.
A cidade estabeleceu um número máximo de viagens permitidas por utilizador e acrescentou um dólar ao valor da tarifa base. Contudo, como isso não parece chegar, estão agora a ponderar outra alternativa, a UberBus.
Walker considera que há espaço para as empresas privadas prestarem serviços de transporte, mas, na sua opinião, aplicações inovadoras podem ofuscar componentes mais importantes no sistema de transporte de uma cidade.
Segundo a Uber, o investimento da empresa está agora concentrado no desenvolvimento de “tecnologia para impulsionar a próxima geração de transportes”, isto é, os veículos autónomos.
Já falei desta solucao para Portugal ha muito tempo
Claro que defendes… quanto mais estupida fôr a ideia, mais tu a defendes – mesmo a Trump…
Mas mesmo engracado é ver uma multinacional manhosa a manar subsidos do Estado!…
Mamar subsidios do Estado? Não está a falar das vimecas, da CP, e das outras companhias de transportes publicos portuguesas todas deficitárias?
Sim, mamar subsidios do Estado, tal como está na noticia!…
“Em 2019, prevê-se que os custos cheguem a 1,2 milhões de dólares (820 mil euros), bastante mais do que as rotas de autocarro teriam custado, e que o orçamento de 900 mil dólares da cidade.”
Nenhuma dessas que referes é uma multinacional manhosa, pois não?!…
Pronto.
Portuguesas e todas as outras pelo mundo fora!…