A polémica sobre a pena de morte nos Estados Unidos reacendeu-se esta terça-feira por causa de uma execução em Oklahoma durante a qual o condenado, Clayton Lockett, de 38 anos, morreu de ataque cardíaco quarenta minutos depois de ter recebido a injecção letal.
Clayton Lockett, condenado pelo homicídio de uma jovem de 19 anos, em 1999, teve uma reação quando lhe foi administrada a injeção, que continha uma combinação de fármacos nunca antes usada no Estado de Oklahoma.
“Acreditamos que uma veia explodiu e as drogas não funcionaram da forma esperada. O director ordenou a suspensão da execução”, afirmou Jerry Massie, porta-voz do Departamento de Penitenciárias do Estado.
Mas, segundo a AFP, o advogado do condenado, David Autry, questionou a afirmação do porta-voz e contrapôs que o seu cliente tinha “braços grandes e veias muito salientes”.
“Foi algo horrível de testemunhar. Foi totalmente mal executado”, acrescentou o advogado.
Segundo testemunhas, Lockett contorceu-se e tremeu de forma descontrolada depois de receber a injecção.
As complicações decorridas da execução de Clayton Lockett levaram ao adiamento de uma outra execução que estava marcada para terça-feira, de Charles Warner, 46 anos, condenado à morte pela violação e assassinato de uma criança de 11 meses, em 1997.
A advogada de Warner, que testemunhou a execução de Lockett, afirmou que ele foi “torturado até a morte” e pediu uma investigação do incidente.
Estas duas execuções tinham sido suspensas no passado dia 22 de Abril, depois de os condenados terem questionado a constitucionalidade do segredo de Estado em torno das drogas usadas na injeção letal.
Casa Branca critica
Esta quarta-feira, a administração norte-americana lamentou que a morte de Clayton Lockett não tenha respeitado critérios de humanidade.
Em declarações aos jornalistas, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, afirmou que a pena de morte é merecida para quem pratica crimes atrozes, mas ainda assim uma execução tem de ser aplicada de forma humana.
“Temos critérios fundamentais neste país, que, incluindo a pena de morte, devem ser cumpridos humanamente. Penso que todos concordam que neste caso isso não foi alcançado”, disse Carney.
Um estudo publicado na última segunda-feira pela revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences estima que pelo menos 4,1% dos condenados à morte nos EUA são inocentes – uma em cada 25 pessoas condenadas.
AJB, ZAP c/ Lusa/BBC