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Canadiano absolvido de violação porque a mulher abusada é “demasiado combativa”

JSM / APAV

Um juiz canadiano absolveu um homem acusado de violação e assalto sexual de duas mulheres com o argumento de que uma das alegadas vítimas era uma pessoa combativa e a outra tinha uma noção de tempo diferente da do acusado.

Explicando que “o consentimento pode ser dado sem se dizer uma palavra”, o juiz notou que uma das mulheres se mostrou bastante combativa no tribunal, e que portanto também o teria sido se estivesse a ser atacada pelo homem. Portanto, não era credível que se tivesse sentido demasiado intimidada para dizer ‘não’, noticiou o Expresso.

Uma ideia rejeitada por uma defensora dos direitos das mulheres, Julie Lalonde, citada pelo Guardian. “A ideia de que, se ficamos agitados quando estamos a ser contra-interrogados num tribunal, então devemos ser assertivos 24 horas sobre 7, é um mito realmente danoso para espalhar no mundo”.

Noutro dos casos, o juiz pôs em dúvida o relato da mulher alegadamente sujeita a violação anal. “Curiosamente, ninguém parece ter ouvido os seus gritos”, disse. Também achou estranho ela falar num incidente que durou 10 minutos, contra os 40 referidos pelo acusado, referiu o Expresso.

Notando o impacto do trauma sobre a capacidade humana de recordar eventos de forma linear, Julie Lalonde explicou que a precisão aparente com que o acusado recordava os mesmos eventos poderia justamente ser mais um argumento a favor da vítima.

Noutro processo que o homem vai enfrentar proximamente por agressões sexuais, num tribunal diferente, o resultado poderá ser diverso. Para já, as conclusões do juiz suscitaram reações em muita gente, nas redes sociais e não só.

TP, ZAP //

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