/

Há um fungo a transformar cigarras em zombies sem genitais

Se as cigarras fossem as personagens principais de um filme de terror, as escolhidas seriam certamente as que são atormentadas pelo fungo Massospora, que produz um conjunto de substâncias alucinogénias e faz com que as suas vítimas se tornem em “insetos zombie”.

Uma equipa de biólogos da Universidade de Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, descobriu um parasita fúngico que produz substâncias alucinogénias e transforma as suas vítimas em verdadeiros insetos voadores “zombie”, que tentam acasalar com tudo o que mexe, mesmo depois de a doença ter consumido os seus órgãos genitais na totalidade.

Estas cigarras são zombies “no sentido em que o fungo controla totalmente os seus corpos”, explicou o investigador Matt Kasson, um dos co-autores do artigo científico, recentemente publicado na Fungal Ecology.

Massospora é o nome do fungo mortífero que contém uma substância psicoativa parecida com as que podem ser encontradas em cogumelos alucinogénios. Este fungo faz com que as cigarras macho continuem a voar na tentativa de infetar outros insetos, mesmo depois de o fungo em causa ter começado a destruir os seus corpos.

Os cientistas desconfiam de que as cigarras são infetadas pelo fungo durante o seu estado larvar no subsolo, que pode, muitas vezes, durar mais do que uma década. Antes de morrerem, estes insetos vêm à superfície por um período de apenas algumas semanas.

Os insetos infetados perdem as suas extremidades genitais e, apesar do seu assustador aspeto físico, deambulam por aí como se nada se tivesse passado, tentando acasalar desenfreadamente e, assim, infetando outros insetos.

Uma vez doentes, as cigarras mantém ou aceleram a sua atividade normal durante a esporulação (formação e libertação de esporos), o que permite uma rápida dispersão da doença antes da morte do hospedeiro. “Estes insetos também se envolvem em comportamentos hipersexuais“, completa o cientista, citado pelo ABC.

Os cientistas querem agora avançar nesta investigação procedendo ao sequenciamento do genoma do fungo. Além disso, pretendem também analisar a expressão génica em insetos saudáveis e infetados, comparando-a de modo a entender melhor os aspetos genéticos da descoberta.

Esta descoberta fascinante e, ao mesmo tempo, assustadora, é um novo exemplo do fenómeno em que os parasitas controlam o comportamento dos indivíduos infetados.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.