São perto de 47 milhões de habitantes, o maior número de sempre de pessoas a viver em Espanha, fruto da maior subida anual da última década: mais 276 mil pessoas entraram no país em 2018, entre emigrantes espanhóis que regressaram e imigrantes, sobretudo vindos de países europeus como Itália e Portugal, mas também da América Latina e de Marrocos.
Depois de uma crise que fez que centenas de milhares de pessoas deixassem o país (entre 2012 e 2016 foram 400 mil), a recuperação de população está a fazer-se a níveis inéditos, com espanhóis e estrangeiros a escolher a grande economia europeia mais pujante do momento para viver, noticiou na terça-feira o Financial Times, citado pelo Dinheiro Vivo.
Segundo o artigo, Madrid cresceu 2,5% no último ano, no quinto ano consecutivo de progressão do PIB e acima da média europeia, tendo a segunda maior taxa de criação de emprego, logo depois de Berlim.
O ritmo de criação de postos de trabalho, que tem evoluído a uma média de 2% ao ano desde 2015, tem sido um atrativo para o regresso de espanhóis e para trabalhadores italianos e portugueses, que procuram melhores condições económicas e de trabalho.
No último ano, confirmou o Financial Times, aumentou em 10% o número de italianos em Espanha, sendo mais 3% os portugueses ali, a maior percentagem de deslocalização para o país vizinho desde a crise.
E pela primeira vez em sete anos, o número de espanhóis a voltar a casa excedeu o total dos que saíram do país, num momento em que as previsões apontam para um crescimento duas vezes superior ao esperado para a média da zona euro: 2,3% em 2019.
De acordo com as declarações de um professor da Universidade Autónoma de Madrid ao Financial Times, além das razões económicas, pesa na escolha dos vizinhos o facto de Espanha ser um país favorável à construção de uma carreira, ao mesmo tempo que partilha as vantagens de se tratar de um país mediterrânico.
A mesma publicação salientou, no entanto, que é da América Latina, sobretudo da Venezuela, que chegam cada vez mais imigrantes a Madrid, em fuga de um país em crise e à procura de meios de subsistência que já não conseguem ter no seu país de origem – o que pode vir a ser motivo de preocupação, dadas as qualificações pouco especializadas dessa onda de imigração.