Apesar dos avisos de Rui Rio, Hugo Soares, Maria Luís Albuquerque, Pinto Luz ou Matos Rosa foram indicados pelas concelhias para as listas de deputados.
Rui Rio fez aprovar uma espécie de cláusula de lealdade em que os candidatos a deputados tinham de demonstrar “concordância” com as orientações da direção do partido, mas isso não impediu as concelhias de indicarem nomes de críticos ou passistas, totalmente desalinhados com o presidente do PSD.
Hugo Soares, por unanimidade em Braga, Maria Luís Albuquerque, por unanimidade em Almada, Miguel Pinto Luz, por Cascais, José Matos Rosa, por Vila Franca de Xira, Bruno Vitorino, pelo Barreiro, Miguel Santos, por Valongo, ou Luís Vales, por Marco de Canaveses, são alguns exemplos, de acordo com a informação avançada pelo Observador.
Segundo o diário, as estruturas locais decidiram desafiar Rui Rio e avançar com nomes que estiveram ligados a Pedro Passos Coelho ou com nomes de críticos assumidos da atual liderança do partido.
As concelhias têm até dia 1 de julho para apresentarem os candidatos a deputados que entendem reunir melhores condições – nomes que terão depois de ser validados pelas distritais. Contudo, será sempre a direção de Rio a ter a última palavra a dizer sobre a composição final das listas, algo que deverá acontecer na última semana de julho.
O líder do PSD parece ter nas mãos as armas necessárias para vetar estes e outros nomes que possam ainda vir a surgir. Um dos critérios que Rio definiu como indispensável para qualquer candidato a deputado era a “concordância” com as orientações da direção, assim como a “disponibilidade para cooperar de forma politicamente leal e solidária”.
A composição das futuras listas do partido já motivou a primeira baixa. Paulo Ribeiro, da concelhia de Lisboa, demitiu-se do cargo esta segunda-feira, por discordar da indicação de um dos nomes avançados por aquela estrutura para as listas de deputados à Assembleia da República.
Ainda assim, entre os nomes apontados, há também simpatizantes de Rui Rio. É o caso de Bruno Coimbra no distrito de Aveiro (por Oliveira do Bairro, Mealhada e Albergaria-a-Velha), Emídio Guerreiro no distrito de Braga (Guimarães), Clara Marques Mendes (Fafe) e Jorge Paulo Oliveira (Famalicão).
As dores de cabeça de Rio
Em Braga, a concelhia optou por indicar dois homens, sendo que a primeira indicação, aprovada por unanimidade e com a presença do presidente da autarquia Ricardo Rio, foi Hugo Soares. A segunda indicação aprovada pela concelhia foi o vice-presidente do PSD/Braga, João Granja.
O antigo líder parlamentar, braço-direito de Luís Montenegro e um dos maiores opositores de Rio aceitou a indicação da concelhia a que preside. A distrital, liderada por José Manuel Fernandes (que é apoiante de Rio), vê assim uma das maiores concelhias a indicar uma persona non grata para a direção do PSD.
Por sua vez, em Almada, o nome de Maria Luís Albuquerque foi aprovado por unanimidade e foi o único apontado pela concelhia. De acordo com o diário, o líder da distrital e um dos críticos do presidente do PSD, Bruno Vitorino, foi também a indicação da concelhia do Barreiro. Quando for negociar com a nacional, Bruno Vitorino terá pelo menos dois nomes críticos a pôr em cima da mesa: o seu e o de Maria Luís.
No Porto, há também dores de cabeça para Rio: é o caso de Luís Vales, antigo secretário-geral adjunto de Pedro Passos Coelho, em Marco de Canaveses, de Miguel Santos, antigo coordenador político da campanha de Santana Lopes nas diretas, ou mesmo do antigo líder da JSD, Simão Ribeiro, em Lousada, concelhia a que preside.
Em Lisboa, Miguel Pinto Luz, um dos maiores críticos de Rio e vice-presidente da autarquia, é a indicação da concelhia de Cascais. Por último, o antigo secretário-geral do PSD, José Matos Rosa, é a indicação da concelhia de Vila Franca de Xira.
AS MÁFIAS PARTIDÁRIAS ODEIAM RUI RIO (e a ciência já sabe porquê)
Não percamos os factos de vista. Rui Rio apresenta duas coisas que a máfia partidária do PSD odeia:
1. É Social Democrata como o partido (e não neo-liberal como Passos Coelho).
2. Não alinha em corrupções e tráficos de influências. É conhecido por ser incorruptível e corta “irritantemente” a direito.
Perante isto, eis que num estertor de desespero, a máfia partidária do PSD está a tentar mandar para a linha da frente, os suspeitos do costume: todos os que já se mostraram poderosos no tráfico de influências e que já estão em posições estratégicas para fazer e receber favores, mexendo os cordlinhos que interessam. A rainha de todos eles: Maria Luís Albuquerque, com um currículo invejável nas portas giratórias da promiscuidade entre poder económico e poder político. O aborto que vendeu o Banif a preço de saldo, pra depois ir trabalhar para o grupo que beneficiou com a pechincha – a Arrow.
É o extrebuche final dos que resistiram a ir atrás do Santana… Dos que ainda querem tirar partido do clientelismo do PSD… Dos “boys” que precisam do partido para ter “jobs”… Dos Lobbyistas que esperam um dia conseguir correr com Rio mas que agora, quem vai correr com eles, é Rio. Já dizia o hino da campanha do PSD em 86: “Nós somos um RIO, que não vai parar…”
Mas já agora também onde está a iniciativa de Rio como chefe do maior partido de oposição ao governo, quase sempre calado e sem encontrar soluções para propor ao país, parece-me ser frouxo demais.
Estou cada vez mais convencido que deveria haver uma escola política e a partidária de verdade para todos aqueles que pretendessem seguir tal carreira para que se formassem mais como responsáveis e menos como vendedores de banha da cobra.
Gostei do seu comentário.
De salientar que a 15 dias das eleições europeias o Dr. Paulo Rangel estava com valores de sondagens semelhantes às do (mau) cabeça de lista do PS. Depois, convidou o Dr. Passos Coelho a discursar num evento, e perdeu mais de 10% de votos nas eleições. Só um tonto é que não estaria à espera disso. O que é que ele pretendeu com isso? Mostrar à máfia do tráfico de influências do PSD que podem contar com ele? Mas porque é que essa malta não foi toda para o “Aliança” do Santana Lopes?
Espero que o Dr Rui Rio tenha o bom senso de afastar das listas para deputados TODOS aqueles que, em vez de estarem ao serviço da maioria dos cidadãos, utilizam o PSD para encherem os bolsos.