Escolas vão ter artistas residentes e três visitas de estudo por ano

Esta terça-feira, aconteceu a primeira apresentação do Plano Nacional das Artes, em que participaram os ministros da Cultura e da Educação, nos estúdios da Companhia Nacional de Bailado em Lisboa.

comissário do novo Plano Nacional das Artes, Paulo Pires do Vale, curador e professor universitário, escolheu um espaço de ensaio para explicar que o processo artístico vive do “erro”, da “insistência”, da “persistência”.

O plano, de acordo com o Público, quer pôr artistas a trabalhar nas escolas através de residências artísticas, prevendo a disponibilização de espaços para ateliers e mesmo a realização de contratos que podem durar um ano.

“É preciso educar e formar para as diversas linguagens,” lê-se no documento que apresenta 27 medidas como um autêntico manifesto e que já definiu uma estratégia para cinco anos.

As artes podem indisciplinar a escola, cortar fronteiras entre disciplinas, porque o mundo é complexo e interdisciplinar”, explicou o comissário ao jornal, lembrando que o objetivo é trazer alguma desarrumação a uma excessiva homogeneização curricular. Paulo Pires do Vale defendeu que é preciso valorizar “a inutilidade que as artes podem trazer”, “introduzir o lúdico, o jogo, nas escolas”.

O plano prevê ainda a criação de um cargo de coordenador cultural em cada escola ou agrupamento escolar, destinado a um professor que terá a responsabilidade de desenhar o projeto cultural numa relação com as instituições da região. Nesse âmbito, o projeto deverá garantir que cada turma, pelo menos uma vez por trimestre, saia das instalações escolares para visitar uma exposição num museu ou assistir a uma peça de teatro.

“O que o pensamento artístico nos pode trazer é um alavancar do pensamento crítico, da nossa capacidade de resolução de problemas e da nossa capacidade de criatividade individual e coletiva”, disse o ministro da Educação. “São exatamente esses pontos que todos os estudos do mundo da educação dizem que nós precisamos de desenvolver mais nas nossas escolas. Temos que fazer mais caminho para que o pensamento criativo esteja nas escolas.”

Nos Estúdios da Victor Córdon, espaço de ensaio da Companhia Nacional de Bailado, o comissário discriminou algumas das 27 medidas de um plano que deverá também ter a responsabilidade de coordenar outros planos sectoriais já existentes, como o Plano Nacional de Leitura, o Plano Nacional de Cinema, a Rede Portuguesa de Museus ou o Programa de Educação Estética e Artística.

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, explicou que o plano tem para já orçamentados os gastos com a equipa. “Não é possível dizer que em 2020 o plano terá um orçamento de 500 mil. Temos essa previsão anual, mas aquilo que agora vamos fazer é o cronograma de todas estas medidas até 2024.”

O plano não vai só utilizar as disciplinas artísticas, como a Música e a Educação Visual, para ser desenvolvido nas escolas. Quer introduzir processos e práticas artísticas nos conteúdos transversais a várias disciplinas da componente curricular de Cidadania e Desenvolvimento, como os direitos humanos, a igualdade de género, sexualidade, ecologia, temas que a arte contemporânea tem trabalhado bastante.

Na área da formação, prevê também a atribuição de bolsas e a publicação de três coleções que reflitam as problemáticas do plano em parceria com a Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Já para o ano, o Plano Nacional das Artes vai realizar o seu primeiro festival, que deverá ser bienal, dedicado a divulgar exposições, espetáculos e outras atividades em redor da temática arte, educação e comunidade.

ZAP //

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