Já passaram três meses desde que o Ciclone Idai, o fenómeno meteorológico que causou inundações em Madagáscar, Malawi e Zimbabué, e deixou um rasto de destruição em Moçambique.
A vida retoma, aos poucos, a normalidade, com reabertura de negócios e o início da reconstrução de habitações. “Estamos a fazer avaliações de todas estas áreas para ver quais os programas de reconstrução, reabilitação e resiliência poderemos fazer a longo prazo”, explicou à TSF Rafael Tarasantchi, do Programa Alimentar Mundial, que se tem dedicado a canalizar donativos para as áreas mais necessitadas.
No entanto, as contribuições reunidas ainda não são suficientes para resolver os estragos: “Apesar de o ciclone ter trazido muita atenção dos meios de comunicação social e da própria sociedade, com bastante ajuda e doações, ainda persiste uma falta de fundos para continuarmos a levar assistência às pessoas afetadas pelo ciclone Idai.”
“Lançamos um apelo de 140 milhões de dólares [124 milhões de euros] no início da fase de emergência, mas ainda faltam 67,7 milhões [60 milhões de euros] para a fase de reconstrução. A ajuda mais significativa para nós seria, neste momento, dinheiro”, salienta Rafael Tarasantchi.
A normalidade vai sendo restituída à cidade da Beira, testemunha o representante da organização. “Conseguimos ver, pela cidade da Beira, as pessoas a começar a reconstruir e a retomar as vidas, com a reabertura de lojas, por exemplo”, assegura. “Temos mecanismos financeiros que nos ajudam a antecipar algumas reservas para catástrofes, mas ainda necessitamos de contribuições.”
Rafael Tarasantchi manifesta a sua preocupação pela escassez de alimentos na zona. “A população depende, em grande parte, das populações do milho e do arroz, e grande parte perdeu-se com as cheias e com o ciclone, o que traz uma situação de insegurança alimentar muito grande”, pormenoriza. A ajuda em Moçambique será “necessária até à próxima grande colheita, em abril”, conclui.
A passagem do ciclone Idai por Moçambique, Maláui e Zimbabué provocou a morte a pelo menos 761 pessoas, 446 das quais em Moçambique.