Não é novidade que as cabeças dos bebés mudam de forma durante o parto. Agora, cientistas franceses e norte-americanos criaram um conjunto de imagens em 3D que mostram como o cérebro fetal é afetado pela moldagem dos ossos cranianos.
As cabeças dos bebés mudam de forma durante o parto, num fenómeno conhecido como moldagem da cabeça fetal ao canal de parto. No entanto, os detalhes desta resposta natural do feto ainda estão por esclarecer. Um estudo publicado na PlosOne revela, pela primeira vez, um conjunto de imagens 3D que mostram como o cérebro fetal é afetado pela moldagem dos ossos cranianos.
Estas imagens, recolhidas através de ressonâncias magnéticas, podem ajudar a evitar partos difíceis que, à primeira vista, tinham tudo para correr normalmente.
Os cientistas submeteram 27 grávidas a ressonâncias magnéticas antes de entrarem em trabalho de parto, e destas, sete foram seguidas no momento do trabalho de parto e especificamente durante o momento da expulsão e do nascimento, durante a qual o feto percorre o canal de parto.
Em todos os sete casos foi observada e confirmada a moldagem da cabeça fetal: a cabeça dos bebés assume uma forma característica comum que os cientistas chamam “moldagem pão de açúcar”, numa alusão à silhueta que também deu o nome ao célebre morro do Rio de Janeiro, no Brasil.
“A moldagem da cabeça do feto é um fenómeno bem conhecido, mas apenas nos fetos onde ela persiste após o nascimento (cerca de 20% dos partos) com uma ‘forma de pão de açúcar'”, disse ao Público Olivier Ami, da Universidade de Auvergne, em França, que coordenou a equipa de cientistas.
Neste estudo, a a novidade “é que todos os fetos observados mostraram moldagem da cabeça no meio do canal, o que é diferente do que pensávamos anteriormente”.
As crianças experimentam maiores tensões cranianas do que se pensava durante o nascimento, pressões potencialmente subjacentes ao sangramento assintomático do cérebro e da retina que surgem em muitos recém-nascidos após o parto vaginal.
“Durante o parto vaginal, a forma do cérebro fetal sofre uma deformação em vários graus, dependendo do grau de sobreposição dos ossos do crânio. A moldagem do crânio do feto não é visível na maioria dos recém-nascidos após o nascimento. Alguns crânios aceitam a deformação (complacência) e permitem uma entrega fácil, enquanto outros não se deformam facilmente”, explica o cientista ao diário.
As imagens revelaram uma significativa compressão do crânio em todas as crianças e sugeriu que as pressões exercidas sobre as cabeças e os cérebros dos bebés durante o parto são mais fortes do que pensávamos. Em todos os sete fetos, os ossos do crânio, que antes do nascimento não se sobrepunham, estavam visivelmente sobrepostos quando o trabalho de parto começou, deformando as suas cabeças e cérebros .
Em cinco deles, os crânios retornaram às suas formas pré-parto logo após o nascimento, e a deformação não foi percetível quando os recém-nascidos foram examinados.