Um grupo de homens armados chegou de mota a uma igreja católica na cidade de Dablo, no Burkina Faso, interrompendo uma missa e matando a tiro seis pessoas.
O The Guardian indica que os atacantes fizeram várias pessoas reféns antes de fugirem. A France 24 cita uma fonte dos serviços de segurança do país que indica que o atentado foi levado a cabo por “20 a 30 homens armados“.
Em comunicado oficial, o governo do país indica que os terroristas atearam propositadamente fogo à igreja, a uma loja próxima e a dois carros. Durante a fuga, os terroristas saquearam ainda um centro hospital local, destruindo o carro de um enfermeiro, de acordo com a CNN. A Vox avança que os atacantes terão destruído propositadamente estabelecimentos que servisse álcool.
A BBC afirma que os residentes estão frustrados pela demora na resposta das forças militares que se encontravam numa base do exército próxima. Fontes das forças de segurança indicaram à AFP que foram enviados reforços militares desde Barsalogho para ajudar nos esforços de busca e captura.
O presidente da câmara municipal de Dablo, Ousmane Zongo, explicou que não foram feitas quaisquer detenções, e que se vive na cidade um “clima de terror”. A zona do ataque foi isolada pelo exército e a população recebeu ordens para permanecer dentro de casa.
Este é o terceiro ataque a igrejas católicas no país em cinco semanas e surge dois dias depois das forças especiais francesas terem libertado quatro pessoas sequestradas no norte do país. Dois soldados morreram durante o resgate. Temia-se que os reféns fossem entregues a um grupo extremista islâmico, a Frente de Libertação de Macina.
Desde 2015 morreram 400 pessoas no país em atentados terroristas levados a cabo por grupos extremistas islâmicos incluindo o Ansarul Islam, o Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos e o auto-proclamado Estado Islâmico do Grande Saara. Em abril, quatro católicos foram mortos numa aldeia próxima de Dablo. Semanas depois, um ataque a uma igreja protestante em Silgadji fez seis mortos.
Em fevereiro, o padre salesiano espanhol Antonio Cesar Fernandez foi morto na fronteira do Burkina Faso com o Togo, num ataque que tirou a vida também a quatro guardas fronteiriços. Também este ataque foi levado a cabo por um grupo de 20 homens armados.
Em 2015 houve três atos terroristas no país ligados ao extremismo islâmico. Em 2018 o número atingiu os 137. Tanto a França como os EUA mantêm no Burkina Faso forças militares para combater grupos terroristas locais com ligações à al-Qaeda e ao auto-proclamado Estado Islâmico. A França tem cinco mil soldados entre Mali, Burkina Faso, Níger e Chade.
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, reagiu ao atentado através do Twitter: “Estou horrorizado pelas notícias que chegam do Burkina Faso. Novamente um local de fé é alvo de violência. Os espaços de preces devem ser abrigos, não alvos“.
O presidente do Burkina Faso, Roch Kaboré, demonstrou pesar após o atentado, em declarações ao Burkina 24: “Condeno energicamente o ataque levado a cabo contra a igreja católica de Dablo. É completamente inaceitável“.
Cerca de 60% da população do Burkina Faso é muçulmana, enquanto que 23% pratica o cristianismo, segundo um censo de 2006. Historicamente, os dois grupos mantiveram relações pacíficas, mas houve um aumento visível nos incidentes violentos nos últimos quatro anos, ligado à crescente presença de grupos extremistas na região.
Em março, 50 pessoas foram mortas em duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia. O atirador estava ligado ao movimento de supremacia racial branca. Já no final de abril, um único atacante, de extrema-direita, matou uma pessoa e feriu outras três num ataque a uma sinagoga na Califórnia, EUA.